É tanto que me surpreendo
A cada dia que passa mais pareço meu pai
E menos me pareço comigo mesmo.
Muitos anos atrás
Chegou um gato de estimação lá em casa
Minha irmã achava que o gato era dela
Eu achava que o gato era meu
Depois do almoço fomos tirar a dúvida:
Pai, de quem é o gato?
Ele baixou o jornal, a boca com o meio sorriso
E o palito, aquela ternura, decretou:
É dos dois.
Alguns dias atrás
Meu velho amigo e compadre ao telefone
Tirou a dúvida do fundo do baú:
Afinal, o que somos mais, compadres ou amigos?
Atravessei um oceano ao longo daquele segundo
Para, nem mais nem menos, me ouvir dizendo
A lição ensinada por meu pai:
Os dois.
As gerações se sucedem, mas pai é tudo igual,
Só muda de endereço.
Comentários
Sábado dia 27 de outubro de 2012, às 11:00 horas será lançado na Livraria Quixote, um livro de Poesias com P.
Sugiro dar uma passadinha por lá e ler uma meia dúzia delas. Há conteudo profundo e amplo, filosofia e saber.