No barro
artesão amassa argila
arte calo devaneio
há sinais de uma vaga
solidão sob o sol
do meio dia
No barro
a mão amassa a outra
mão rugosa, dura
a mais escura pele
suando em bicas
moldando
No barro
é que uma ilusão
emerge dolorida
vai tomando forma
a mais pura e enganadora
arte
No barro
a mão que era sofrimento
muda sua rota
da fome faz-se a fartura
da dor surge o encantamento
um milagre
No barro
para onde um dia
haveremos de voltar
alma argila
nas hábeis mãos
do criador