Os obscuros

Publicado por Wesley Pioest 26 de setembro de 2011

Eu e o velho, a minha sombra

sobre as pedras da rua caminhavámos

noite e dia, eternamente.

 

Vamos obscuros a viajar

por estradas antigas vastas do mundo

eu e ele, envelhecendo.

 

Unha e carne, eu, meu velho,

como fôssemos imagem e semelhança,

tal pai, tal filho.

 

O olho ruim e a calva brilhante,

a dolorida ossatura empenada ao extremo

a furiosa calma torturante.

 

Eu e o velho, um em dois

para ao final um ao outro suceder,

rebeldes, teimosos.

 

Vai um, outro depois

também irá, depois tudo será apagado

e faremos silêncio.

 

Nenhuma poesia, palavra

somente o filho e o pai no eterno cativeiro

do mundo sem fundo.

 

A terra nos traga finalmente

até a nuvem o rio a paragem infinita

o catre das lembranças.

 

Eu e o velho, onde estará?

Para onde irei desta jornada encontrá-lo?

Tanta a vida. Para o nada.

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