do rio da pequena cidade,
quase esqueci.
Ficava no fundo do vale.
Como eu, revoltou-se
poucas vezes. Era brando,
exceto quando a enchente
exalava toda a sua fúria,
a vontade de destruir.
Hoje, enxuto, minguante:
predominância de margens.
O esquecimento devora,
esfomeado, o seu, o meu
manancial. Em seu curso,
atravessei a infância.
Água secou, lágrima também.
Os peixes, o anzol no barro,
a mantegueira, esqueci.
Eu, ali mesmo, há alguns
instantes, calção molhado,
da nascente até a foz.
Em cada um de nós
há um rio a minguar.
Um rio que havia,
do qual fui esquecendo
até quase nem mais lembrar,
águas, lágrimas nesta vida.
Comentários
Isto aí, Wesley,
Olhando o mapa, posso ver o Bar do Fabão, a Pizzaria Dona Zena, o Bar Caminho de Casa, a Rua José Ramos que passa sobre o Rio Rubim do Sul, que vai dar no Rubim de Pedras e, por fim, no célebre Jequitinhonha…
Pois é, este rio existe mesmo – o Google não nos deixa mentir – e fluindo nas memórias do poeta é que ele se reinventa, maior que os rios de qualquer outro lugar.