cinco
ah poesia pátria minha
juventude
glória eterna
meus pecados
ah poesia nem palavra
possa vir em meu auxílio
meu derrame
meu concerto
minha vasta miopia
ah poesia pátria minha
nem família
nem augúrios
só o cão que uiva pra lua
minha ilha
fúria branda
na palavra meu exílio
seis
ao fundo a serra do curral
ao lado o alto barroca
a pedro segundo ao léu
ao longe a amazonas
ao fim de tudo eldorado
a pé na espírito santo
acima da caetés
varanda do hotel majestic
sete
setembro
primavera
aniversário
a mala no quarto de pensão
as férias que vão chegar
outubro
depois
novembro
chuvas caem no chão
ônibus vai partir
cadernos escritos
à mão
quando o ano acabar
eu voltarei a sorrir
é tempo de
renascer