Vê o dia mais escuro: logo caem gotas
a dizer palavras insensatas.
O que fomos não importa: aí está a chuva
molhando a terra infértil deste tempo
em que os dias serão de medo e de dor.
Outra estrada aberta não nos leva além
da imensa fome que devora a alma.
Há um rio para afogar toda fraqueza
(o imenso Hades traduz noites eternas).
Se os deuses convidam, vamos em bando
mas para onde vamos nunca saberemos:
nem sempre há um depois por esperar.
O que nos move a multidão é a fúria doce
das manadas enfrentando precipícios:
a dizer até que enfim, pois tudo acaba