Pompéu, minha pequena cidade teve sempre um ou mais tipos populares em evidência. Talvez sejam parecidos com os “Bobos da Corte” da Idade Média, no papel de fazer rir, mas na realidade muitos deles, apesar de não terem estudado, eram respeitados por sua sabedoria.
Não dá para contar nas mãos, tantos foram os mais conhecidos. Alguns interativos como Coreba e outros solitários e desconhecidos como Cardinador. Ainda quero escrever sobre esses sábios populares.
Hoje quero falar de meu querido tio Pedro, com quem só tive poucos contatos e mesmo assim quando eu era muito criança, talvez pelos 6 ou 7 anos. Mas, a minha mãe, que era sua cunhada, adorava nos contar seus casos.
Tio Pedro era alfaiate de profissão, mas quem mantinha a casa era a sua mulher, a Tia Bernardina que fazia o melhor pastel do mundo. Nunca comi nada igual.
Como alfaiate, esperava-se que Tio Pedro andasse melhor vestido. Mas, o ditado popular “Em casa de ferreiro o espeto é de pau” aplicava-se bem a ele. Estava sempre com o mesmo velho e manchado paletó preto. Tinha uma cabeleira cheia, mas raramente penteava o cabelo, o que lhe dava um aspecto primitivo.
Consta, na tradição oral do povo daquela cidade, que numa tarde ele vinha para casa com um volume no bolso e passou perto de uma “blitz policial” que o sargento e dois soldados faziam nos botecos do centro da cidade. Em períodos de governos “fortes” os policiais agiam com redobrada truculência. Ele então, em tom sério, teria dito:
– Esta arma que eu tenho aqui a policia não toma!
O sargento ficou intrigado e se dirigiu rispidamente a ele:
– Que arma o senhor leva aí?
Ele em gargalhada repetiu:
– Arma de matar a fome. Arma de matar a fome.
Os soldados e as demais pessoas presentes riram também.
Outro tipo notório era o “Seo” Jacinto, que, depois de velho, ganhou o apelido de Tiambá Muxiba, que ninguém tinha coragem de falar em sua presença. Os dois se assemelhavam no aspecto rústico e desleixado.
Um dia, quando Tiambá vinha descendo a rua, Tio Pedro apostou com os amigos, reunidos na porta de um Bar, que o chamaria pelo apelido, gerando grande expectativa e incredulidade.
O Tiambá veio se aproximando e tio Pedro o cumprimentou na frente de todos:
– Boa tarde, Xará!
O Tiambá respondeu o cumprimento, mas intrigou-se:
– Como podemos ser xarás se eu chamo Jacinto e você chama Pedro?
E o Tio Pedro com a ironia dissimulada:
– É que o pessoal aqui no bar está me chamando de Tiambá…
Não preciso dizer que ninguém teve coragem de rir.
Mais uma do tio Pedro com policiais militares, numa ocasião em que todo o destacamento da cidade havia sido substituído. Eles haviam prendido um bêbado e o dominavam violentamente, enquanto todos os transeuntes paravam para observar.
Tio Pedro de dentro de seu terno preto, vociferou:
– Se fosse comigo eu não suportava esses arrancos todos…
Um dos soldados que apertava e sacudia com força o preso parou e veio prepotente para cima do velho:
– O senhor não suportava, é? E o que iria fazer?
Tio Pedro com a resposta na ponta da língua?
– Eu caia morto, porque ando muito fraco e doente…
E continuou sério enquanto os homens fardados continuavam seu ritual truculento diante da platéia imobilizada.
Comentários
`SÓMENTE A POUCOS DIAS PUDE CONHECER O VERLY. O CONHECI NA PÇA DA LIBERDADE, ELE ENFURECIDO COM CERTOS CANDIDATOS A VEREADOR E PUDEMOS BATER UM BREVE PAPO. A PARTIR DE ENTÃO, TENHO LIDO SUAS CRONICAS E ESCRITOS O QUE ME É MUITO APRAZIVEL. GRANDE FIGURA E GRANDE ESCRITOR.
IVAN D’ALBUQUERQUE
Reporter Fotografico
O Ivan foi um desses raros casos de amizade ao primeiro toque. Eu estava ali na Praça da Liberdade triste com a subserviviência do colega Mauricio, sociologo de antes de mim, agora a serviço do que há de mais baixo na política.
Aí, o presidente do partido, um baixinho sem nenhuma qualidade, veio com a turma do Lacerda pra me bater. Então, eu sai, não tão depressa para não parecer medo, nem tão devagar para não parecer provocação, quando senti um toque de solidariedade nas minhas costas. Era esse ser humano brilhante. De agora em diante, um amigo para sempre. Muito obrigado, Ivan. Ivan, o grande.
Olá Verly,
Mamãe falou que vc escreve bem demais, quando eu crescer quero ser igual à você, feliz, otimista e escritor.
Parabéns.
Bjos
Giugiu
Sua mãe é que uma pessoa maravilhosa. Ela pode dizer que eu escrevo bem demais, pois há um principio na vida que só os que são melhores do que nós têm a competência de nos elogiar.
Muito obrigado. E quando ler meus textos saiba que me faz muito feliz.
Adorei, tudo que vc escreve é bão dimais.
Lizie, querida.
Muitissimo obrigado. Eu me esforço muito para ser lido por vc. Quanta gentileza.
Abraços e muitas felicidades.
Oi Verly,
Suas crônicas são muito boas. Vc tem futuro.
Muito obrigado, Antonio Gonçalves. Fico feliz quando alguém lê meus causos e ecritos e ainda me estimula como o faz agora.
Felicidades para vc
Olá Verly,
Adoro ler vc, continue assim, vc é brilhante, rs rs rs. bjos
Esta Sheila me encanta com seus belissimos e-mails e ainda arranja tempo para vir aqui ler meus simples escritos.
Te agradeço por tudo.