Pedras preciosas – parte 1

Publicado por Sebastião Verly 30 de maio de 2018

Pedras preciosas – parte 1
Sempre pretendi abordar em um artigo a questão das pedras preciosas, expor um pouco mais sobre seu universo, destacando as mais apreciadas e utilizadas em joias belíssimas.

Cresci achando que todo mundo conhecia e entendia sobre pedras e fiquei perplexo quando descobri que na verdade as pessoas sabem muito pouco sobre o assunto. Gemologia é o ramo da geologia que estuda as pedras preciosas. Estão no âmbito das Ciências da Terra, junto com a geografia.

Existem inúmeros tipos de pedras preciosas no mundo. Somente no Brasil, por exemplo, são encontrados mais de cem tipos de gemas. Elas possuem cores, significados e valores distintos, mas todas têm em comum o poder de encantar as pessoas. Enriquecer no garimpo, achando uma pedra de rara beleza e valor, depois da ilusão de um céu paradisíaco, é certamente o sonho maior de um garimpeiro. Raramente, e bota raramente nisto, um garimpeiro jamais toca num diamante. As lendas são muitas. Uma das primeiras que ouvi foi sobre o comprador de diamantes Jafet Faria, de Dores do Indaiá, Região Oeste de Minas Gerais. Por lá diziam que o Jafet andava sempre montado em um belo cavalo indo daqui para ali nas cercanias dos garimpos a comprar pequenas pedras. Um dia, num dos vilarejos, viu um garoto que brincava com uma pedrinha. Conhecedor que era do assunto, com seu faro aguçado, percebeu que era um diamante. Comprou a pedrinha do garoto dando-lhe um dinheiro e a vendeu por milhares de cruzeiros, a moeda da época.

Jair do Gonte, meu irmão, um homem que sabia bastante de quase tudo, trabalhou em dezenas de atividades, inclusive garimpos de várias pedrarias, contava que já teve o prazer, raro prazer, de tocar numa pepita de diamante em primeira mão. Contava que o diamante chega envolto numa pedrinha mole do tamanho e da cor de um grão de feijão roxinho, que ele chamava de mula. Tentei confirmar este termo de muitas maneiras e não consegui. Penso que era bem local.

O garimpo de que mais me lembro foram as lavras de cristal de minha cidade natal, Pompéu, nos anos 40 e 50 quando o Lacerdino de Oliveira Campos comercializava os cristais das terras de João Serra Machado. Lembro-me de uma lenda contada pelo meu tio Genaro de que um dia ele tirou uma pedra enorme de puríssimo cristal. Os vizinhos o esfaquearam e roubaram a pedra, fugindo para vendê-la por muito dinheiro bem longe do garimpo.

Quem passa pelas estradas que cortam o município de Teófilo Otoni, no nordeste de Minas Gerais, ainda pode ver as velhas catas de pedras, as mais diversas, abandonadas no meio do mato. Na cidade, desde o moço do picolé, até o gerente de banco, se procurarmos bem, todos têm alguém na família que trabalha com pedra, seja num garimpo, seja numa lapidação… Esse lugar incrível é Teófilo Otoni, a Capital Mundial das pedras preciosas! Teófilo Otoni, repito para gravar bem, polo do comércio de pedras de todos os tipos, desde brutas até nas mais elaboradas lapidações é onde estão concentradas as melhores lapidações do Brasil.

Teófilo Otoni, mais uma vez repito, é um lugar muito especial para os apaixonados por pedras preciosas, está situada sobre a maior bacia gemológica do Brasil. Nessa região existem lavras de vários tipos de pedras e o comércio dessas pedras é feito na própria cidade, o burburinho fica bem no centro, na Praça Tiradentes. Ali acontece diariamente a Feira Permanente de Pedras Preciosas, sob a sombra das árvores, em cima dos tabuleiros fixos de xadrez e bancas lotadas de bacias de pedras, são fechados animados negócios. Rústica e simples, mas não deixa de ser interessante essa feira. Pode-se encontrar interessantes peças de artesanato em pedras semi-preciosas ou ornamentais, como semi-jóias, esculturas, quadros, adornos, as instalações são simples.

Existem empresas idôneas que asseguram a autenticidade das gemas, ali é o Vale do Mucuri, uma porta de entrada para o Vale do Jequitinhonha em suas partes Média e Baixa. Esta região onde reis e vice-reis ordenaram aos bandeirantes a descoberta das Minas, atrai turistas de várias nacionalidades para a FIPP, Feira Internacional de Pedras Preciosas. Vale conhecer esta terra onde o brilho das pedras impera. “Minas são Gerais, Preciosas só as nossas.” Vaidade também vale.

Municípios Associados: Teófilo Otoni, Água Boa, Angelândia, Campanário, Capelinha, Caraí, Carlos Chagas, Catuji, Francisco Badaró, Itamarandiba, Itambacuri, Jenipapo de Minas, Ladainha, Malacacheta, Nanuque, Novo Cruzeiro, Novo Oriente de Minas, Padre Paraíso e Pavão.

As últimas notícias fazem estardalhaço da entrada dos chineses no negócio de pedras na região. O título é chamativo. “Chineses invadem Minas gerais”

São 7h30 da manhã em Curvelo, na Região Central de Minas Gerais, e já se nota o início do carregamento de caminhões com contêineres cheios de pedras preciosas brutas que sairão do meio do estado em direção à indústria de joias na China. Somente em municípios mineiros como Corinto e Curvelo, a extração e venda clandestina de pedras movimenta mais de R$ 100 milhões ao ano.

A cada 20 dias, em média 12,5 contêineres carregados com 250 toneladas de pedras extraídas dessa região seguem de Curvelo para serem embarcadas no Rio de Janeiro. O mesmo acontece com dezenas de tambores cheios de material mais valioso, que viajam de avião. Tudo aparentemente certo, não fosse o fato de que as notas fiscais mostram valores subfaturados, a ampla região produtora que teria direito aos royalties fica a ver navios.

A rota de interesse dos chineses pelas pedras preciosas brasileiras passa por municípios mineiros e também baianos. Em Minas, os principais são Curvelo, Corinto e Inimutaba. Na Bahia, Novo Horizonte, Ipupiara, Campo Formoso e Oliveira dos Brejinhos. É dos garimpos, a maioria deles clandestinos, que saem as pedras preciosas brutas que serão exportadas pelo estado.

Um dos caminhos usados pelos produtores para “maquiar” a pedra bruta clandestina, é torna-la, aparentemente, legalizada. Uma vez feita a “maquiagem”, as pedras são repassadas aos atravessadores, que vão vendê-las aos clientes estrangeiros.

Empresas especializadas desembaraçam a mercadoria, enviando-a para o Rio de Janeiro, de onde será exportada para China.

As pedras chegam à indústria joalheira na China, a segunda maior do mundo, onde serão transformadas em joias, semi joias e bijuterias.

Parte das joias e bijuterias entram novamente no Brasil, muitas vezes via contrabando, prejudicando a indústria joalheira nacional.

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