Os apelidos de Pompéu – parte I

Publicado por Sebastião Verly 17 de janeiro de 2025
Pompeu criação do municipio foto
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Pompéu – Criação do Município 1o. jan 1939

Vivi na cidade de Pompéu na décadas de 1950 e 1960, um ambiente onde as pessoas quase todas se conheciam mutuamente, quase todo mundo tinha um apelido, ainda que fosse uma simples referência de família, localização ou ancestralidade. Muitos desses apelidos refletiam a personalidade, as características físicas ou as ocupações das pessoas. De uma certa maneira, esses apelidos significam parte da cultura local.

Os apelidos influíram na identidade coletiva dos moradores de Pompéu, influenciaram a dinâmica social e os relacionamentos e ajudaram a tecer a história da cidade, principalmente na fase tradicional, a partir dos anos 1930 onde prevaleceu o êxodo rural e as pessoas afluíram para a zona urbana ainda incipiente.

Podemos começar com os descendentes de Dona Joaquina, como o Inácio de Oliveira Campos, ou Inácio Cabeça ou ainda Inácio da Capivara, fazendeiro que preferia ser conhecido com Inácio do Penedo, sua fazenda.

A seguir, podemos registrar uma da mulheres mais marcantes na cidade que era a Sá Tiofa, cujo nome de registro era Ana Theófila de Oliveira Campos. Dona Teófila era casada com Antonio Salviano Rodrigues de Medeiros com quem teve 6 filhos: Theófilo Salviano de Oliveira Campos, apelidado desde novo como Gonte, o Antonio Fernandes, conhecido como Nande, o José Maria conhecido como Inhonhô, Emília, Joaquim, Salatiel conhecido como Sinhô e Xisto sempre tratado pelo nome de registro.

Registro os apelidos dos descendentes de Sá Tiofa. Entre os cerca de 30 filhos do Gonte, diziam que chegavam a 34, podemos citar a Laninha que tinha o nome de Iolanda, casada com o Orlando Manquinho, a Lia de nome Maria da Conceição, a Tininha, a Neli, registrada como Madalena, o Cininho, cujo nome era Alcino e o Ju ou Macarrão, cujo nome era Geraldo, o Tião, autor deste artigo e o Neide. Os filhos da Francina eram a Fia, o Nenem e o Loro, da Laninha, vieram o Lelé, o Waltinho e sua filha Lilinha, o , a Diva, a Estelinha, e os filhos do Alcides, Vandinho e Cidinha, os filhos do Ju, Nenem e Nenzito.

Dos filhos  do Nande, a Dorita e o Totonho, marido da Olguita, do Inhonhô, são 9 filhos homens e as duas filhas Crioula e Preta, dos filhos do Xisto  o que tinha mais apelidos era o Hely Campos, que, já começava, por ser conhecido como Lili do Xisto, mas ele mesmo usou o apelido de “Gordão”, chegou a pesar 130 quilos, quando foi candidato e eleito vereador na primeira legislatura da Câmara Municipal em 1939, fazia campanha através de microfone instalado no carro de passeio Ford 29 preto, girando em campanha pela cidade: “Oi fulano, não se esqueça que o Gordão é candidato”. Alguns amigos mais próximos referiam a ele como Kubu e, depois que ele possuiu um caminhão Ford 39, tipo buldog, que também tinha o apelido de Kalu, algumas pessoas referiam ao Lili também como Kalu. Aproveito para citar que, dos irmãos, só o Levy não ganhou um apodo, Iracy virou Izinha, Juracy ficou apenas Ju e o Antônio Januário de Campos virou Tunico do Xisto.

Na década de 1930, ficou conhecido o João do Neca, João Manoel Alves Maria, que casou pela primeira fez com Maria Bernardina de Oliveira, teve 5 filhos, Zé Santinho, Nezinho ou Manoel Alves Maria, Ciata do Gabriel, Bernardina casada com Pedro Anacleto  e Francisca ou Chica do Gonte. João do Neca casou a segunda vez com Angélica com quem teve 5 filhos, Fia do Genaro, Lu do Aristides, Preta do Zizinho do João Manoel, mãe da Ana Maria, Maria Ângela, Regina, Rosa, Kenia, Anselmo e Luciano.

Desde o início do século XX, a família de Dona Aurora dos Santos Torquato, cujo marido era o farmacêutico Manoel Torquato, filho do seu Dedé, virou Nilico da Farmácia, a famosa filha Coroacy, professora de renome, que fez o discurso na fundação da cidade em 1º de janeiro de 1939, virou Coroa, a Juraci Torquato virou Ju  e o filho José Iracy Torquato virou Vêu.

Pouca gente conheceu o José de Castro Ferreira, o Zé Espanhol que chegou para ser o primeiro tabelião da cidade, casou com a Alice, que viúva casou com o Luiz Ventura. Zé Espanhol e Alice adotaram o Jaime e a Irani que viveram, na cidade de Pompéu até bem pouco tempo.

Em 1950, Thomás de Oliveira Campos junto com o Vêu, Levi, Tunico e Lili do Xisto construíram a fábrica de manteiga “Thomás Campos & Cia”, onde eu tive a honra de trabalhar e posso mencionar os apelidos de lá. Pra começar está aí o José Lúcio de Campos ou Zezé  do Bahia, como era conhecido, esposo da Judite do Geraldo do Zé Custódio, que pode confirmar, tínhamos também lá o Francisco de Oliveira Campos Filho que era o Quito do Bahia, que já foi objeto de uma crônica nossa, e lá dentro da empresa trabalhava Tapuia, o Galinha,o Costela e mais tarde até os irmãos Piduca e o Zé da Lia, sendo que o Thomás Campos estava viúvo e casou com a Luzia irmã deles. Incluo aqui o Bichinho, que nasceu Humberto, filho do Tomás.

Até os mendigos eram conhecidos pelos apelidos, então tinha por exemplo o Zé do Tó, o Belarmino, os irmãos Mané e Valdemar Leitão, o Dejo, a Maria Cachorra, a Maria Cambraia, a Maria Ferrugem. Ninguém sabia o nome de batismo dessas pessoas e as conhecida pelo apelido, o Bitu até o pessoal chamava mais de Bitu Boi, parece que antigamente ele trabalhava no matadouro e matava os bois, certamente por isso. Pouca gente conheceu os nomes da Nega do Vereu e da Butina.

O Vital Batata era uma figura estranha, foi ajudante de caminhão do Tunico do Xisto que contava histórias engraçadas do seu ajudante.

Muitos apelidos eram impronunciáveis como o do Sebastião ou Bastião Bunda, o Pedro Rola e a Ção Tomba Homem, o Juca e o Luiz Ferrugem, o Zé Cobra e sua mãe, Maria Cobra, o Luiz Boca de Fogo, o Juquinha do Gato, o Roquinho Muié, o fotógrafo Zé Bocó, o Zé Ailton, conhecido como Pederasta, o Quileuzinho como Grota, o Antônio Bate Pau, o Esfria Verruma, o Fumo Bão, o Cabiúna, o Fio do Antão, o Nelsinho Pasteleiro, o Beijo Papamel, o Tião Caraco que respondia com palavrões quando tratado assim. A família dos Viado, a Ritinha e seus familiares não se importavam de serem tratados assim, outros que não podiam ser tratados pelo apelido, como a professora Dona Rufina às escondidas era conhecida como Surubim Pintado, pela sardas em seu rosto, os alunos batiam na carteira transmitindo pelo ritmo para os colegas, Surubim Pintado, tá tá,tá – tá tá, tá, para causar risos durante suas péssimas aulas. Falando em péssimas aulas lembramos da Dona Miluca, esposa do Clemente. E quem sabe que a Dona Alegrantina que foi diretora do Grupo Escolar Dr. Jacinto Campos, chamava Alexandrina Senra? Vale registrar o Joaquim Xoxota político bastante popular, que foi prefeito mais de uma vez, recentemente falecido.

Havia também entre os doidos folclóricos o Zé Banana, que andava com seu chicote e escarreirava os meninos que mexiam com ele, mas este merece uma crônica à parte.

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