O arroz nosso de cada dia – parte I

Publicado por Sebastião Verly 28 de janeiro de 2016

arroz nosso de cada dia
Grande parte das lavouras de arroz de sequeiro está localizada na Região dos Cerrados. Durante o tempo das águas, quando é feito o cultivo, as chuvas são irregulares, sendo comum a ocorrência de estiagens de duas a três semanas. A baixa capacidade de retenção de água dos solos, aliada à alta evaporação durante esses períodos, prejudicam a produtividade do arroz. Uma das alternativas para cultivar com sucesso arroz nessas áreas é a irrigação, utilizando o equipamento destinado a irrigar outros cultivos na entressafra.

Minha experiência com arroz vai desde o plantio, colheita até o beneficiamento. Na minha adolescência, ajudei no plantio do arroz de brejo, aquele que era plantado nas vargens e colhido em época de seca.

Na Fazenda do Grupo Rima, por volta dos anos 1980, o arroz era irrigado pelos denominados pivôs que movem-se em toda a extensão da lavoura assegurando a quantidade de água necessária para o seu crescimento e produção.

A tubulação que recebe a água de um dispositivo central sob pressão, chamado de ponto do pivô, se apoia em torres metálicas triangulares, montadas sobre rodas, geralmente com pneu. As torres movem-se continuamente acionadas por dispositivos elétricos ou hidráulicos, descrevendo movimentos concêntricos ao redor do ponto do pivô.

A colheita até os anos 1950 era feita com foices ceifadeiras manuais. Atualmente, a operação de colheita é realizada, geralmente, por diversos tipos de máquinas, desde as de pequeno porte tracionadas por trator, até as colhedoras automotrizes, dotadas de barra de corte de até 6 metros de largura, as quais realizam, em sequência, as operações de corte, recolhimento, trilha e limpeza. Podem-se distinguir as seguintes funções em uma colhedora: corte da cultura e direcionamento para os mecanismos de trilha; trilha, que consiste na separação dos grãos de suas envolturas e de partes de suporte na planta; separação do grão e da palha; limpeza.

O arroz tem de ser colhido na época certa. É necessário acompanhar o arroz deste o ponto em que começa a cachear até o amadurecimento dos grãos. O arroz colhido prematuramente produz grãos chochos e desvaloriza o produto. Depois de colhido, o arroz em ramas é batido em uma madeira ou banco para que se soltem os grãos das hastes ou ramas. O que resta da separação dos grãos e das hastes é chamado de palha do arroz.

Quando não havia maquinas de beneficiamento de arroz, este era pilado em pilões de madeira onde, duas ou mais pessoas se revezavam socando o arroz com casca. As socadeiras, a maioria mulheres, usavam as “mãos de pilão”, um pau maciço e liso com as extremidades arredondadas e alisadas para “limpar o arroz” sem quebrá-lo. É inacreditável saber que famílias numerosas e grandes contingentes de trabalhadores nas lavouras, onde o consumo era bem grande, conseguia suprir suas necessidades alimentares com arroz pilado. Nesse caso sobravam grãos sem beneficiar e, mesmo depois de catado o arroz, esses grãos eram cozidos junto com os demais e eram conhecidos como marinheiros.

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