Mulheres pompeanas – parte I

Publicado por Sebastião Verly 7 de março de 2025
Dona Joaquina imagem

Dona Joaquina imagemDe Yara Tupinambá
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No dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher” aproveito a data para buscar no fundo da minha memória as mulheres que imprimiram sua marca na minha cidade natal, Pompéu.

Neste ano de 2025 vou dirigir minha homenagem às mulheres pompeanas, mulheres que tanto fizeram pela cidade, algumas mais que outras, mas igualmente todas notáveis pela sua contribuição para a cidade que hoje desponta como uma das mais emblemáticas do Brasil. Se Minas é a síntese do Brasil Pompéu poderia ser considerada uma síntese de Minas Gerais.

Desde as simples lavadeiras, empregadas domésticas, costureiras, comerciantes, doceiras, quitandeiras, parteiras, professoras, advogadas, donas de cabarés, artistas as mais diversas.

Atrevo-me a citar nomes de mulheres que marcaram época e que na realidade representam todas as demais, cujos nomes permanecem gravados nos corações e mentes de tantas pessoas.

É justo começar pela mulher mais famosa da cidade, a matriarca, Dona Joaquina Bernarda da Silva Abreu Castelo Branco Souto Mayor de Oliveira Campos, a Joaquina do Pompéu, Sinhá Brava ou Dama do Sertão. Joaquina nasceu no dia 20 de agosto de 1752 à meia-noite, em Mariana, MG, em 3 de setembro do mesmo ano Joaquina foi batizada. Casou-se aos 12 anos de idade com o Capitão Inácio de Oliveira Campos. Já nesse período se revelam as primeiras expressões de um temperamento forte, arrebatado e independente. Embora, aos onze anos, estivesse apaixonada por Inácio, se vê obrigada, como era costume na época, a ficar noiva, por imposição do pai, de um homem do qual não gostava, o comerciante Manuel de Sousa e Oliveira. No dia do noivado, no entanto, recusou-se a um brinde com o “prometido”. Para espanto dos presentes, aproximou seu copo do copo do capitão de milícias, que comparecera à festa, e disse em alto e bom som: “Não é para beber a saúde do noivo escolhido? Pois eu bebo a saúde de meu noivo, capitão-mor Inácio de Oliveira Campos”. A atitude de Joaquina quase resultou num duelo entre Inácio e o noivo ultrajado, que acabou demovido da ideia. Apesar dos protestos paternos, Joaquina e Inácio acabaram se casando, em 20 de agosto de 1764. Ela com 12 anos, e ele 30. O casal mudou-se para uma pequena propriedade nos arredores de Pitangui, a Fazenda Lavapés.

Joaquina se mostrou uma esposa laboriosa, sempre disposta a encarar a lida da fazenda. Com as ausências do marido por sua missão de desbravar os sertões, especialmente no Noroeste mineiro e Goiás e posteriormente por sua invalidez, Joaquina assumiu o comando do imenso latifúndio e revelou a sua face empreendedora. É considerada pelo historiador Agripa de Vasconcelos como a maior produtora rural da Colônia no Ciclo do Ouro. Quando as cortes portuguesas chegaram ao Brasil em 1808, acossadas por Napoleão Bonaparte, no Rio de Janeiro não havia comida para 15 mil pessoas. Foi em Pompéu que buscaram os recursos alimentares, segundo Vasconcelos dona Joaquina mandou de uma só vez 1600 bois para o Rio de Janeiro, 1000 encomendados pela corte, 500 para serem vendidos no comércio da cidade e mais 100 de presente para Dom João VI.

A seguir menciono Joana Evangelista de Oliveira, filha de Dona Joaquina, que doou a área da Igreja do município de Pompéu. E sua bisneta Ana Theófila de Oliveira Campos, a “Sá Tiófa”, que ficou viúva com 5 filhos homens e uma mulher e os criou e deu-lhes orientação e formação para serem destaques na cidade. Aproveito a deixa para citar a minha mãe, Francisca Maria da Conceição, a Chica do Gonte, nora de Sá Tiófa, que ficou viúva com 7 filhos homens menores e os cuidou e educou até ingressarem na Universidade.

No decorrer da História da cidade é preciso registrar o nome de mulheres que se destacaram, sempre lembrando que representam o valor da mulher pompeana e representam milhares de outras que discretamente fizeram sua parte significativa deste o ano de 1745 até os dias de hoje.

De forma inteiramente livre citaremos nomes e algumas referências sempre lembrando que são apenas exemplos que representam todas as demais mulheres de nossa querida terra.

Começo por lembrar as professoras Mestra DonAna, Mestra Pequenina, e também Dona Aurora Santos Torquato e também homenageamos Dona Zizinha, professora emérita que criou a louvável “cantina” que durante anos forneceu a “sopa” nutritiva aos alunos carentes, e a seguir Dona Maria de Lourdes Cordeiro, entusiasta professora e nobre diretora do tradicional Grupo Escolar Dr. Jacinto Campos. É preciso lembrar a dona Alexandrina que casou-se com o médico Dr. Osvaldo Álvares e foi para Pompéu se tornando também diretora do Jacinto Campos durante muitos anos. Quem frequentou a Escola na década de 1950, teve o prazer de assistir às aulas de ginástica que Dona Elza Afonso Tavares, introduziu no Grupo Escolar, Dona Elza além da atividade escolar, trouxe também uma contribuição cultural para a cidade como ensaiando e implantando as festas juninas, com quadrilha e elementos folclóricos, com apoio da jovem Eduarda Costa Pereira.

Outro destaque na educação vai para Dona Olga Maciel Garcia Chamon que, em 1949, trouxe para Pompéu o ”Método Global”, método inteiramente revolucionário de alfabetização rompendo com a velha Cartilha da Lili. Na área cultural vale recordar a Irilda Campos Porto que tocava o órgão da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição e participava ativamente de todas as festas, bailes e festejos na cidade. É oportuno mencionar a jovem Maria Mercês Santos filha da Lídia e do Piduca Santos, que brilhava cantando em eventos e em especial com apresentações no Cine Teatro Marabá. Outra voz que brilhava nas apresentações no Ginásio Dona Joaquina e Cine Marabá foi a da Maria da Conceição Louzada, conhecida como Preta do Geraldo Louzada. Pompéu orgulha-se de incontáveis mulheres que marcaram presença em diferentes setores.

Continua na parte II: https://www.metro.org.br/sebastiao/mulheres-pompeanas-parte-ii/

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