Enchente de São José

Publicado por Sebastião Verly 24 de março de 2015

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Meu irmão Verlim, do alto seus 75 anos, está internado no Hospital Santa Casa, em Montes Claros. De lá me conta, pelo telefone sobre a enchente de São José. Choveu três dias quase sem parar. Estava feliz. Disse mesmo que foi um pedido seu atendido pelo santo do dia 19. Desde novinho ele que já acreditava chamar José, nos primeiros dias escolares, descobriu que seu primeiro nome não era José, mas sua fé no Santo do dia 19 só aumentou.

Contou com detalhes a chuva que escorria para o Rio Grande Verde que vai desaguar no Rio São Francisco. Espera que a seca que magoou o Rio da Integração Nacional seja regiamente compensada pelas chuvas de Março fechando o Verão.

Essa é uma crença antiga. Em alguns lugares tentaram chamar essa enchente que acontece próxima ao dia 19, como enchente das goiabas. O novo título não pegou. Mais ou menos próximo ao dia 19 a água cai com vontade na região leste do país.

Meu irmão não cabia de contentamento mesmo sabendo que ficará internado até o dia 2 ou três de abril.

Acreditou que suas preces foram ouvidas, especialmente porque, em todas as suas orações, pedia pelo Rio São Francisco que teve seca a sua nascente ali Serra da Canastra, um pouco antes da Cachoeira Casca D’anta.

Pelo telefone, o mano contava, entusiasmado, a chuvarada que caiu na cidade. Criou alma nova e voz saia com muito mais energia.

Disse mesmo que iria contar o fato à senhora freira da Capelania que chegaria dentro de poucas horas para vê-lo.

Acreditava piamente. Nossa conversa prosseguia, quando ele prometeu orar e pedir a São José, ou a Deus via São José, que também mandasse chuva aqui para o centro de Minas Gerais. Aceite que ele fizesse as orações, pois a fé é muito importante para as explicações da vida.

Existe mesmo a frase “mais vale a fé do que o pau da barca”. Nosso pai, meu e do meu irmão, contava que o curandeiro de uma enferma disse-lhe que sua doença só se curaria com o chá de uma lasca da barca do pescador, nada pecador, que era São Pedro. O marido se dispôs a buscar o pau da barca. Viajou e viajou até chegar à Roma onde se encontra a barca de São Pedro. Ao chegar naquela metrópole divertiu a valer e quando o dinheiro acabava lembrou-se de voltar para casa, esquecendo-se da promessa de levar o pau da barca. Em lá se chegando, no barquinho que fazia a travessia para sua vila, lembrou-se da promessa. E agora?! Tirou umas lasquinhas da piroga que o conduzia e levou para o chá para a esposa. A mulher após tomar o chá sentiu-se curada. Daí veio o adágio popular: “mais vale a fé do que o pau da barca”.

Eu que sou ateu cheguei a acreditar em milagre. Pois, logo depois, o sol desapareceu, agora na hora do almoço e, já, ouço trovões que prometem chuva, se Deus quiser.

Tomara que chova 3 dias sem parar, conforme pedia música de carnaval.

Comentários
  • verly 3515 dias atrás

    Hoje, sim, chegou a BH a enchente de São José ou das goiabas para os incrédulos.
    Vamos sempre torcer.

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