Empinar papagaio

Publicado por Sebastião Verly 19 de agosto de 2015

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De maneira geral, na maior parte do Brasil dizia-se soltar papagaio e, hoje, mais comum, é empinar papagaio, pipa ou cometa e tantos outros nomes dados a este brinquedo tão divertido.

É uma diversão e uma arte.

“Acredita-se que a primeira pipa do mundo tenha surgido na China, há cerca de 200 anos a.C. criada por um general chamado Han Hsin, com o objetivo de medir a distância de um túnel a ser escavado no castelo imperial. Com o passar do tempo estas pipas logo que sugiram eram utilizadas para fins militares, tornaram-se uma arte popular aquele pais. Aos poucos, foram levadas para países vizinhos como Japão e Coréia. No Japão por volta do século XI relatos indicam que as pipas eram empregadas pelos militares para levar mensagens secretas para aliados. Nos países orientais, as pipas adquiriram um forte significado religioso e ritualístico, como atrativo de felicidade, sorte, nascimento, fertilidade e vitória, exemplo disso são pipas com pinturas de dragões que atraem a prosperidade ou uma tartaruga longa vida, coruja sabedoria e assim por diante. No Brasil, estima-se que as pipas tenham chegado pelas mãos dos portugueses na época da colonização. Hoje, elas são conhecidas por diversos nomes, dependendo da região do País: arraia (Bahia), pipa (Rio de Janeiro), papagaio, pipa e cafifa (São Paulo), Papagaio, pipa e cometa (Minas), pandorga (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina), quadrado, tapioca, balde (Nordeste) e (Maranhão).”

Existem vários formatos geométricos de papagaios, sendo o mais tradicional o confeccionado em formato de losango.

O papagaio era, numa sua época do ano, um brinquedo encantador. A brincadeira de pipa envolve as condições climáticas de ventos constantes, próprias do mês de agosto. Linhas de algodão marca “corrente” número 20 a 40, manivelas de madeira, fabricadas artesanalmente, já fizeram parte da aventura. Hoje, as manivelas estão cada vez mais raras, sendo substituídas por latas em que se enrolam as linhas. Era um brinquedo mais caro e, hoje, tornou-se mais popular. A cada dia mais é um brinquedo de crianças e adultos.

No Uruguai, onde acontecem maravilhosas competições, o nome em geral é cometa. Uma enorme variedade de modelos, cores, formas e tamanhos enfeitam o céu em regiões descampadas onde são feitas as competições.

Hoje em dia existem competições de diferentes modalidades e inacreditáveis tamanhos sendo o recorde um papagaio de 950 metros quadrados no Kwait. No Brasil, o recorde pertence ao engenheiro Ken Yamazato com um papagaio de quase 500 metros quadrados.

“O segredo é que as pipas têm alma, e só os meninos são capazes de entendê-las, sejam garotos de pouca idade, ou velhos com alma de meninos. Eles têm o dom de falar com o vento e conseguir que suas mensagens em forma de papel e bambu alcancem os recantos do céu destinados aos puros de coração. Uma das pipas é a do Ken”. Heródoto Barbeiro – Jornalista TV Cultura/CBN, prefácio do livro Engenheiro de Pipas, o invasor dos ares, de Ken Yamazato.

Empinar ou soltar papagaio começa com a arte de confeccionar o artefato.

O papagaio é feito preferencialmente no chão ou numa mesa baixa. Senta-se no chão com tesoura, faca, papel, cola, taquaras ou varetas de bambu, linha e segue todo procedimento estatuído que pode ser mais ou menos sofisticado. A prática vai ensinando a aprimorar detalhes como barriga, barbela, irante ou cabresto, barbatana e rabiola.

Basicamente, o papagaio mais comum, é feito com duas taquaras de bambu, varetas bem finas de tamanhos diferentes que forma uma cruzeta. No cruzamento das duas é comum amarrá-las fortemente para facilitar o manuseio e suportar a tração especial de uma terceira vareta que servirá para fazer a envergadura e dar rigidez ao artefato. O papel cortado em forma losango tem a diagonal maior do cumprimento da vareta maior e a diagonal menor do comprimento da segunda vareta.

A seguir amarra-se uma linha nas quatro extremidades das varetas formando um losango de linhas com a mesma dimensão do papel.

Sempre que for amarrar a linha, deve ser feito um friso nas taquaras para dar mais firmeza nos nós.

A terceira vareta servirá como verga que fará a tração que estica o corpo do papagaio. Mantida sua curvatura ela é amarrada firmemente com linha nas extremidades da vareta menor. Nesta sequencia, o papel é colado na linha e nas varetas reforçada a colagem com quadradinhos de papel. Nas bordas pode colar uma tira de papel, podendo aproveitar para formar as barbatanas laterais. As barbatanas são um enfeite a mais e podem ser tiras picotadas.

De uma extremidade à outra da taquara menor amarra-se a barbela, cabresto ou tirante que dará equilíbrio ao papagaio. E no meio exato desta barbela amarra-se a linha principal.

Depois vem a rabiola que é feita com argolas de papel entrelaçadas entre si que além de dar um equilíbrio ao artefato completam a beleza, especialmente quando confeccionada em várias cores.

O papagaio sem rabiola é chamado de suruca, suruco ou suru.

Uma brincadeira complementar era colocar um quadradinho de papel preso na linha junto à manivela e fazê-lo chegar à barbela do papagaio a enormes alturas. A brincadeira, hoje não mais existe, era chamada de enviar um telegrama. Melhor seria enviar correspondência. Hoje poderia ser um e-mail.

Vale a pena exercitar a criatividade e confeccionar papagaios dos mais variados formatos, tamanhos e combinações de cores.
O importante é escolher onde soltar papagaio. É preciso que seja em área livre de fios de energia elétrica.

São normas de segurança: “Não soltar pipas em dias de chuva ou relâmpagos. Não soltar pipas perto de fios telefônicos, elétricos ou de antenas. Procure lugares abertos como praças, parques, campos de futebol, etc. Se a pipa enroscar nos fios, não tente tirá-la. Sempre é melhor perder a pipa do que a vida. Não use linha metálica como fio de cobre de bobinas. Não use linhas cortante (cerol). É grande o risco de cortar as pessoas com ela, e inclusive você mesmo. Use luvas para não queimar as mãos na linha. Atenção com motos e bicicletas. A linha pode ser perigosa para seus condutores. Olhe bem onde pisa, especialmente para trás. Não empine pipas em lajes e telhados, pois uma queda poderá ser fatal. Cuidado com as ruas e lugares movimentados.”

Embora seja comum soltar papagaio em quase todas as estações do ano, com exceção dos dias chuvosos, o mês em que o vento é mais favorável é o mês de agosto.

Comentários
  • verly 3367 dias atrás

    Pois é fico satisfeito em ter contribuído. Muito obrigado pela divulgação.

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