São Romão, 300 anos de fé – parte I
“A religião desponta na alma assombrada do homem primitivo e permanece na raiz do espirito humano.” (autor desconhecido)
A Região do Médio São Francisco, entre os vales do Urucuia e Paracatu, no Estado de Minas Gerais, que tomo a liberdade de chamar de Entre Vales, onde se destaca a cidade de São Romão, é, sem dúvida alguma, uma das mais ricas em patrimônio cultural do estado.
Neste artigo, além de defender sua preservação, vou procurar enfatizar os valores históricos e religiosos da região que lhe asseguram um importante potencial turístico. Todos os anos são celebradas dezenas de festas e romarias de caráter religioso, acompanhadas de manifestações culturais de tradições centenárias.
Segundo o historiador Xico Mendes, o mais antigo dos municípios da região está celebrando 90 anos de sua primeira emancipação política, ponto alto para uma reflexão para o resgate da memória de seu povo. A religiosidade sempre foi um destaque na cultura desta região.
Os colonizadores, quando aqui chegaram, encontraram os indígenas que mantinham suas crenças e o culto de seus deuses de forma própria. Trouxeram consigo os missionários europeus, que impuseram a fé cristã católica, enquanto de seu lado os povos negros também chegaram com as mais diversas e valorosas expressões de fé vivenciada na terra mãe. Essa mescla cultural e religiosa fez surgir ao longo do tempo um riquíssimo patrimônio cultural.
Hoje encontramos espalhados por toda a região diversos grupos folclóricos, que com suas danças místicas expressam, através de seus gingados e cantos, os anseios de liberdade. Trazem em suas veias, o sangue dos antepassados e a afirmação de sua dignidade, anseio de justiça social e cidadania. São verdadeiras manifestações de devoção com caráter cultural e religioso, que merece ser conhecido, interpretado e divulgado.
Muitos que ajudaram a construir o atual patrimônio cultural existente no Entre Vales vieram também das regiões norte e nordeste do Brasil. Muitos deles eram retirantes que vieram subindo o Rio São Francisco de barco a vapor ou em outras embarcações menores. O objetivo era seguir o rio até a cidade de Pirapora, onde pegavam o trem de ferro para ganhar o mundo, ou seguir o Rio das Velhas para chegar em algum centro urbano maior, mas o grande sonho da maioria era chegar à terra prometida de São Paulo.
Muitas vezes, por lhes faltar recursos financeiros para prosseguir viagem, estabeleciam-se em fazendas, povoados e cidades ribeirinhas, e por ali ficavam, constituindo família, misturados aos nativos, e muitos permaneceram para sempre. Também trouxeram consigo uma rica gama de tradições culturais, crenças, hábitos e costumes, vivenciados hoje por seus descendentes, em inúmeras comunidades da região.
Comentários
Meu caro Milton,
Muto obrigado pelo espaço e por nos ajudar nesta tarefa de mostrar ao mundo novos valores que por muito tempo permaneceram escondidos!!! grande abraço!!!