Fernão de Magalhães – 500 anos da morte – parte I
Durante o triênio 2019-2022, celebra-se os 500 anos da façanha do Navegador Português Fernão de Magalhães, que iniciou a primeira viagem de circunavegação da Terra em 20 de setembro de 1519. Este 27 de abril de 2021 também marca o quingentésimo aniversario, 500 anos, de sua morte em 1521, em plena expedição, assolada por tempestades, rebeliões, fome, doenças e mortes.
Esses desbravadores de mares e desafiadores da morte tiveram a ousadia de fazer uma rota alternativa para alcançar as cobiçadas Ilhas Molucas, localizadas na atual Indonésia, detentora das mais apreciadas “especiarias” como o cravo da índia e a noz moscada. O principal objetivo deste artigo não é recordar fatos históricos em detalhes dessa viagem, mas avaliar seu significado para a consciência planetária.
Nos dias atuais somos bombardeados por notícias sobre novas observações em busca de exoplanetas, novos mundos habitados e habitáveis, e ousadas expedições espaciais. A hipótese de que o formato da Terra é aproximadamente esférico apareceu com o filósofo grego Pitágoras no século VI a.C., já que entre seus antecessores predominava a ideia da Terra Plana.
Propomo-nos aqui a fazer uma sequência de artigos, trazendo algumas reflexões sobre a importância de celebrar os 500 anos da comprovação daquilo que alguns já ousavam imaginar, mas que o senso comum e os “donos” do conhecimento da época resistiam em admitir, que a Terra não era plana nem o Centro do Cosmo, mas um astro entre inúmeros outros, uma imensa esfera, na qual todos os seres devem conviver em harmonia, formando um único organismo, uma única consciência. Queremos apresentar também alguns temas atuais e fazer sua ligação com esse passado desafiador de nossa civilização iberoamericana, sua importância para o desenvolvimento planetário e os modelos econômicos adotados ao longo da história, que de um lado vem contribuindo para revelar os segredos do mundo, mas também gera incertezas quanto à sustentabilidade.
Fernão de Magalhães nasceu no Norte de Portugal por volta de 1480, há controvérsias sobre a localidade. Serviu à Coroa Portuguesa no reinado de Dom Manuel, fazendo expedições e descobertas de novas terras no Oriente entre 1505 e 1516. Depois de uma breve viagem à África e conflito com os Mouros, em que parte da tropa, incluindo nobres, caíram prisioneiros, ao retornar ele sofreu censura e foi-lhe negado o direito de tença, que equivalia a uma proteção financeira familiar permanente, e assim sendo, depois de reunir todos os documentos, cartas de navegação e a aparelhagem mais moderna disponível como quadrantes, astrolábios, bússolas, lunetas, medidores de tempo que pode encontrar em Portugal, se dirigiu para a Espanha onde ofereceu seus serviços, suas ideias e sua disposição para o Rei Carlos V, dando início à aventura que comprovou a esfericidade da Terra, tida como heresia pelos eclesiásticos portugueses, mas vista com fascinação por acadêmicos, em especial os mestres de navegação e os astrônomos.
Em setembro de 1519, a expedição sob o comando do capitão-general Fernão de Magalhães, formada por quatro caravelas, San Antônio, Concepción, Victoria, Santiago, e a nau capitânia de grande porte Trinidad, com 265 homens a bordo, deixava o porto de Sanlúcar de Barrameda no sul da Espanha próxima a Sevilha, em direção ao Oceano Atlântico e tinha como objetivo principal o estabelecimento de uma nova rota marítima para as Índias que não fosse pelo contorno da África.
Como, na época Portugal dominava o caminho marítimo oriental para chegar à Ásia, o navegador propôs que fosse feito um percurso ocidental, contornando-se as Américas pelo extremo sul. Imaginem o desafio, pela primeira vez um ser humano navegando sempre na mesma direção, o oeste, voltaria ao porto de partida. Foi um desdobramento do projeto feito anos antes pelo genovês Cristóvão Colombo, 1451-1506, mas já com a consciência da existência do novo continente. Magalhães, munido de muitas cartas de navegação que preparou com o auxílio dos melhores geógrafos, navegadores e astrônomos da época, acreditava que, mesmo estando em outro oceano, as Ilhas Molucas poderiam se encontrar dentro dos limites designados à Espanha pelo Tratado de Tordesilhas, que havia sido celebrado na cidade espanhola com este nome.
Para se compreender este raciocínio, o planeta Terra, que já era considerado esférico pelas duas coroas ibéricas, foi dividido em duas “metades” entre espanhóis e portugueses. A primeira linha, o “Meridiano de Tordesilhas”, se situava a 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde. E qual era a 2ª linha? Exatamente o “Meridiano de Data”, que separa o Ocidente do Oriente. A dúvida era se as cobiçadas Molucas e as ilhas vizinhas, que atualmente compõem o arquipélago da Indonésia, estariam à leste ou oeste desta última linha, ou seja, se estariam mais próximas do continente americano e, portanto, do lado espanhol, ou da Ásia, do lado português.
Fonte:
Artigo a Volta ao mundo de Fernão de Magalhães Por Fernanda Paixão Pissurno – Mestra em História (UFRJ, 2018) -Graduada em História (UFRJ, 2016) – https://www.infoescola.com/historia/volta-ao-mundo-de-fernao-de-magalhaes/
Artigo Há 500 anos, começava viagem que provou que a Terra é redonda Por Alexandre Galante 17 de setembro de 2019 https://www.naval.com.br/blog/2019/09/17/ha-500-anos-comecava-viagem-que-provou-que-a-terra-e-redonda/
Artigo: Fernão de Magalhães e a volta ao mundo: https://mundoeducacao.uol.com.br/historia-america/fernao-magalhaes-volta-ao-mundo.htm.A Terra se defende. Artigo de Leonardo Boff – fhttp://www.ihu.unisinos.br.
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