Quando eu era criança

Publicado por Manfredo Rosa 10 de janeiro de 2018

Quando eu era criança pequena” em Araxá, ouvia dizer: “Política e Religião não se discute.”

Passados setenta anos, observo:

1 – A presença, cada vez maior, de religiosos no Congresso;
2 – O culto estendido a semideuses, capazes de, sozinhos, levar o Brasil aos portões do paraíso ou atirá-lo ao mais profundo dos purgatórios, montando história ao bel prazer, centrada em heróis e vilãos;
3. – A crença cega em um deus que deseja que você doe, até doer.
4. – A devoção a um santo em especial, pessoal, de preferência o mais incapaz e desvirtuado, pois, assim, mais impressionante será a sua realização. E, ao contrário, para suas falhas, deve ser exigida comprovação em completo registro cinematográfico, passo a passo, sem nenhum passo faltando;
5. – Os posicionamentos dicotômicos, paralelos ao “ou você está comigo ou está contra mim”;
6. – As vítimas do poder esperto, que entranha nas pessoas sem que elas percebam, adotando e pregando a fé em dogmas que idolatram deuses em particular e demonizam que não foi colocado nas peanhas de sua igreja;
7 – Os corações fechados nas certezas de sua crença como única, verdadeira, muitas vezes em obediência insuspeita e sob credulidade escrava tal como viúvas no templo;
8. – A adoração a feitos históricos relatados na sua Bíblia pessoal, não importando as contradições embutidas, as incoerências internas e os sentidos figurados do parecer social sob o qual se ocultam.

Diante desse comportamento “universal”, sou levado a admitir que hoje em dia talvez seja bastante afirmar:

“Religião não se discute”.

A Política se converteu em um capítulo da Teologia.

Melhor é, então, evitar se envolver nesses reducionismos. Melhor não participar desses embates eivados em pulsões da reptília, no máximo, inflamados nos estos e mostos da vida afetiva mamífera, totalmente afastados de parte cortical que propicia a racionalidade.

Observação: As considerações se aplicam à “religião útil para governantes”. Não me refiro, é claro, à religião como deve ser, de permanente busca de aprimoramento das virtudes tão apreciadas à convivência humana, do amor ao próximo, da unidade, do respeito, da solidariedade.

Comentários
  • Davio Antonio Prado Zarzana 57 dias atrás

    Querido primo. É quando fui à Araxá pela 1a vez com 14 anos, conduzido de DC-3 pelo papai Arthur Rosa, descobri um mundo diferente, cheio de aconchegos, festa em fazenda próxima, com tia Alba e filhos como o Juca e o Hilário, nadador campeão e lógico – o Barreiro. Muito depois visita à sua casa em BH, aquela na ladeira. Saudades dos tempos passados primo. Podem dizer que sou saudosista, mas a verdade é que, sem celular e mais pessoas de bem, vivíamos melhor. Abraço

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