O galho quebra-galho

Publicado por ELIS CALDEIRA 2 de fevereiro de 2022

o galho quebra galho

Manhã de sábado. Sol reluzindo promessas. Lá vou eu com meu tênis novo, ou quase, já que ainda mantém resquícios de barro da última caminhada, pra uma nova diligência, que é fazer o percurso da minha casa, no bairro Morada do Sol, até as limitações de entrada do Parque do Sapucaia, retornando por lá, pelos limites do Morada da Serra. O retorno fazemos por uma trilha meio mato meio caminho. Tem de tudo, borboletas brincando, bem-te-vis, sabiás, pica-paus, joão tolo, trinca-ferro, enfim. É uma festividade só! Bom, voltemos à caminhada. Devo lembrar que na tarde anterior, Moquinha, minha cidade-solo, foi acometida por um temporal adulto e sincero, ventos fortes, granizo e chuva destemperada, o que resultou em queda de árvores e energia, destelhamento de casas, dentre tantos incidentes que não caberia aqui mencionar. Como depois da tempestade sempre vem a tal da bonança, confiamos no ditado e seguimos serelepes caminho afora. Mas, o inusitado se fazia presente quase no final da trilha pelo mato, uma árvore inteira veio ao chão, obstruindo o acesso por aquele caminhozinho certo. Pra ficar completo o desafio, até onde se conseguia chegar, lamaçais lindos esperavam escorregões dos mais desavisados ou dos menos equilibrados. Praticamente um brejo-lama aquilo se tornou. Marido intrépido desarvorou-se pela mata fechada. Eu ali, estática, olhando aquela lama toda, com medo de ir, de ficar, de tirar o pé, de pisar. Pensei. No medo. Na vida. No medo de ficar ou de ir. Medi passo, espaço, enfim. Até que veio o Bazinga!, ou o velho Eureka!, e encontrei meu salvador: um galho de árvore, duas pernas, que quase substituia as minhas. Com a ajuda silenciosa, me vali. Consegui me esvair da imensidão de lama com tranquilidade, sem ter que me sujeitar ao atalho desgrenhado de mato adentro, ou afora. Graças ao galho quebra-galho!

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