Manhã de sábado. Sol reluzindo promessas. Lá vou eu com meu tênis novo, ou quase, já que ainda mantém resquícios de barro da última caminhada, pra uma nova diligência, que é fazer o percurso da minha casa, no bairro Morada do Sol, até as limitações de entrada do Parque do Sapucaia, retornando por lá, pelos limites do Morada da Serra. O retorno fazemos por uma trilha meio mato meio caminho. Tem de tudo, borboletas brincando, bem-te-vis, sabiás, pica-paus, joão tolo, trinca-ferro, enfim. É uma festividade só! Bom, voltemos à caminhada. Devo lembrar que na tarde anterior, Moquinha, minha cidade-solo, foi acometida por um temporal adulto e sincero, ventos fortes, granizo e chuva destemperada, o que resultou em queda de árvores e energia, destelhamento de casas, dentre tantos incidentes que não caberia aqui mencionar. Como depois da tempestade sempre vem a tal da bonança, confiamos no ditado e seguimos serelepes caminho afora. Mas, o inusitado se fazia presente quase no final da trilha pelo mato, uma árvore inteira veio ao chão, obstruindo o acesso por aquele caminhozinho certo. Pra ficar completo o desafio, até onde se conseguia chegar, lamaçais lindos esperavam escorregões dos mais desavisados ou dos menos equilibrados. Praticamente um brejo-lama aquilo se tornou. Marido intrépido desarvorou-se pela mata fechada. Eu ali, estática, olhando aquela lama toda, com medo de ir, de ficar, de tirar o pé, de pisar. Pensei. No medo. Na vida. No medo de ficar ou de ir. Medi passo, espaço, enfim. Até que veio o Bazinga!, ou o velho Eureka!, e encontrei meu salvador: um galho de árvore, duas pernas, que quase substituia as minhas. Com a ajuda silenciosa, me vali. Consegui me esvair da imensidão de lama com tranquilidade, sem ter que me sujeitar ao atalho desgrenhado de mato adentro, ou afora. Graças ao galho quebra-galho!
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