Ventos sopram em direção contrária, tempestades desabam bruscamente, obstáculos de toda natureza barram a passagem do homem na travessia da vida. O que salva é a esperança. Mesmo que as velas se partam, mesmo que não cheguemos inteiros, mesmo que nem alcancemos o farol, o que faz do homem um bom timoneiro é a esperança. Sem ela, todo o sentido se perde. Nem o sonho nem a realidade são vivíveis.
A antítese da esperança é o desespero. E o desespero, preâmbulo da loucura. Plantar e cultivar a esperança na alma da criança é salvar o homem, salvar o mundo, salvar a vida. É, portanto, um dever sagrado.
Vivemos um mundo onde todos os valores são contestados. Contesta-se inclusive a esperança. Roubaram a infância. Semearam na alma da criança a dúvida, a incerteza. Adultizaram-na antes do tempo. O resultado aí está: uma juventude perdida. Buscando, quem sabe, nos tóxicos e no sexo a fantasia não vivida na infância. Fantasia… E o que é fantasia? E o que é realidade? Já foi dito, com muita lucidez, que a fantasia é a realidade interior; e a realidade, a fantasia exterior. É importante, pois, a compreensão e vivência dessas duas realidades.
Questiona-se cada vez mais a esperança. Na vida que cria a Literatura. Na Literatura que recria a vida. Fé e caridade são hoje palavras náufragas.
Salve-se a esperança, ainda que o barco esteja afundando.
Pois, enquanto há esperança, há vida.
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