Despertar

Publicado por Edmeia Faria 27 de março de 2013

Sete horas da manhã.

O sol bate na minha janela.

E me seduz com um buquê de raios dourados.

Entra e se esparrama sobre os lençóis.

Me cobre de luz.

E me penetra os poros num orgasmo cósmico.

Antes de deixar o quarto,

canta um recortado,

parodiando versos

de antiga cantiga de roda de despedida

nas festas tradicionais:

“Aproveita, minha amiga,

que uma vida não é nada;

se não viver agora,

morrerá de madrugada.”

Depois, olho no olho, me incita a partir:

“O dia se vai.

O tempo se esvai.

Levanta-te! E anda!

Vem comigo desenhar um arco-íris no espelho das águas;

Jogar o jogo das sementes, colorir as flores, madurar o fruto.

Vem comigo acordar os homens…

brincar com as crianças na praça,

aquecer os velhinhos no pátio,

cerzir as cicatrizes;

cingir um diadema na fronte dos jovens e dos amantes.”

Vem comigo!

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