Pretensão

Publicado por Editor 26 de julho de 2012

Escrever com vontade

De fazer existir

Por uma fração de segundo

Uma idéia pura

Um pensamento claro

Nascidos da vontade de querer dizer

Do medo de ser ridículo

E da certeza de não ter nada além da mensagem

Que não se cala

Nunca se calará

Até que seja ostentada

Grafada, editada, selada.

Escrever com vontade

De se fazer existir

E de ousar autorar

A mensagem que segue rondando

Zumbindo perniciosa aos ouvidos

Invadindo sonhos no avançado da hora

Se deixando conquistar por cada mente

Da qual virgem eterna

Que se deixa deflorar a cada noite

E volta a se oferecer a todos

Até que ninguém se disponha a ouvir

Porém o poeta não pode calar

Não pode deixar de ouvir o gemer

Não pode fugir, deixar pro vizinho

Não pode tocar cítara ou zabumba

Não pode viajar pra saturno e desligar a secretária eletrônica

Só pode se fazer caneta

E deixar nascer,

deixar nascer…

 

Escrever algo que nunca tenha sido

Escrito, grafado, debatido, ou sequer pensado

Tentar não plagiar

Os grandes que me precederam

Aplacar com tinta preta

Minha consciência literária

Como encontrar o tema apócrifo

Que me permita criar algo inusitado?

Às vezes me indigno

Com os senhores que tudo disseram

Que tudo interpretaram, que a tudo

Deram a luz literária que jamais poderei dar

E no fundo, o meu sonho é bem simples

Escrever algo que nunca tenha sido.

Comentários
  • Naiara 4495 dias atrás

    Muito legal a poesia, Guto!

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