O Ponto de Aglutinação

Publicado por Editor 6 de junho de 2022

A percepção tem lugar porque existe em cada um de nós um agente chamado ponto de aglutinação, que seleciona as emanações internas e externas para alinhamento. O alinhamento particular que percebemos como mundo é produto da posição específica em que nosso ponto de aglutinação está localizado em nosso casulo.
Para nossa primeira atenção colocar em foco o mundo que percebemos, ela deve enfatizar certas emanações selecionadas na estreita faixa de emanações em que está localizada a consciência do homem. As emanações descartadas continuam dentro de nosso alcance, mas permanecem inativas, ignoradas por nós pela duração de nossas vidas.
Os novos videntes chamam as emanações enfatizadas do lado direito, a consciência normal, o tonal, este mundo, o conhecido, a primeira atenção. O homem médio chama-as de realidade, racionalidade, senso comum.
As emanações enfatizadas compõem uma larga porção da faixa de consciência do homem, mas uma parte muito pequena do espectro total de emanações presente no interior do casulo humano. As emanações negligenciadas na faixa do homem são consideradas como uma espécie de preâmbulo ao desconhecido, e o próprio desconhecido consiste em todas as emanações que não são parte da faixa humana e que nunca são enfatizadas. Os videntes chamam-nas de consciência do lado esquerdo, nagual, o outro mundo, o desconhecido, a segunda atenção.
Os antigos videntes descobriram que o ponto de aglutinação não está no corpo físico, mas no invólucro luminoso, no próprio casulo. Todo ser vivo tem um ponto de aglutinação que seleciona emanações para enfatizar.
Os seres humanos escolhem sempre as mesmas emanações para perceber, por duas razões. Primeira e mais importante: porque fomos ensinados que essas emanações são perceptíveis; a segunda: porque nossos pontos de aglutinação selecionam e preparam essas emanações para serem usadas.
Uma das conquistas mais importantes para os novos videntes foi descobrir que a área onde esse ponto está localizado no casulo de todas as criaturas vivas não é uma característica permanente, mas está estabelecida por hábito naquela região específica. Daí a tremenda importância que os novos videntes atribuem a novas ações, novas práticas. Desejam desesperadamente chegar a novos usos, novos hábitos.
Os novos videntes afirmam que, no curso de nosso crescimento, depois que o brilho da consciência se focaliza sobre a faixa de emanações humanas e seleciona algumas delas para ênfase, entra em um círculo vicioso. Quanto mais enfatiza certas emanações, mais estável fica o ponto de aglutinação. Isso equivale a afirmar que a nossa ordem torna-se a ordem da Águia. Não é preciso dizer que, quando nossa consciência se desenvolve em primeira atenção, a ordem é tão forte que quebrar esse círculo e fazer o ponto de aglutinação mover-se é um verdadeiro triunfo.
O que é mais importante é a compreensão apropriada das verdades sobre a consciência, de modo a perceber que aquele ponto pode ser deslocado a partir do interior. A infeliz verdade é que os seres humanos sempre perdem por omissão. Simplesmente não conhecem suas possibilidades.
Os novos videntes dizem que a compreensão é a técnica. Dizem que, antes de tudo, é preciso ficar consciente de que o mundo que percebemos é o resultado da localização dos nossos pontos de aglutinação em uma área específica do casulo. Depois que isto é compreendido, o ponto de aglutinação pode mover-se quase por força da vontade, como conseqüência de novos hábitos.
O ponto de aglutinação do homem aparece em uma área definida do casulo porque a Águia assim ordena. Mas a área precisa é determinada pelo hábito, pelos atos repetitivos. Primeiro aprendemos que ele pode ser localizado ali, e então nós mesmos ordenamos que fique naquele lugar. Nossa ordem torna-se a ordem da Águia, e o ponto se fixa naquela posição. Reflita sobre isto com muito cuidado; nossa ordem torna-se a ordem da Águia.
O ponto de aglutinação também é responsável por fazer a primeira atenção perceber em termos de aglomerados. Um exemplo de aglomerado de emanações que recebem ênfase ao mesmo tempo é o corpo humano tal como nós o percebemos. Outra parte de nosso ser total, nosso casulo luminoso, nunca recebe ênfase e é relegado ao esquecimento, pois o efeito do ponto de aglutinação não é apenas fazer-nos perceber certos aglomerados de emanações, mas também fazer-nos ignorar outras emanações.
O ponto de aglutinação irradia um brilho que reúne feixes de emanações aprisionadas. Esses feixes então se alinham com as emanações livres. Os aglomerados se formam mesmo quando os videntes lidam com emanações que nunca são usadas. Sempre que são enfatizadas, podemos percebê-las exatamente como percebemos os aglomerados da primeira atenção.
Um dos maiores momentos que os novos videntes tiveram foi quando descobriram que o desconhecido é simplesmente as emanações descartadas pela primeira atenção. É vasto, mas a aglomeração ainda pode ser feita. Já o incognoscível, por sua vez, é uma eternidade onde nosso ponto de aglutinação não tem condição alguma de aglomerar.
O ponto de aglutinação é como um magneto luminoso que escolhe emanações e as agrupa sempre que se move dentro dos limites da faixa de emanações do homem.
Essa descoberta foi a glória dos novos videntes, pois lançou nova luz sobre o desconhecido. Os novos videntes perceberam que algumas das visões obsessivas dos videntes, aquelas que são quase inconcebíveis, coincidem com a mudança do ponto de aglutinação para a região da faixa do homem que é diametralmente oposta àquela onde ele está ordinariamente localizado.
São visões do lado escuro do homem, porque é sombrio e ameaçador. Não é apenas o desconhecido, mas o que não se quer conhecer. As emanações que estão dentro do casulo, mas fora dos limites da faixa do homem, podem ser percebidas mas de maneiras indescritíveis. Não são o desconhecido humano, como é o caso das emanações não utilizadas na faixa do homem, mas o desconhecido quase incomensurável, onde não há nenhum traço. É de fato uma área de uma vastidão tão gigantesca que o melhor dos videntes dificilmente conseguiria descrevê-la.
O mistério está fora de nós. Dentro de nós há apenas emanações tentando romper o casulo. E esse fato nos desvia da verdade de um modo ou de outro, sejamos homens comuns ou guerreiros.
Apenas os novos videntes superaram esse ponto. Eles lutam para ver. E por meio das mudanças de seus pontos de aglutinação conseguem sentir que o mistério é perceber. Não tanto o que percebemos, mas o que nos faz perceber.
Já lhe disse que os novos videntes acreditam que os nossos sentidos são capazes de detectar qualquer coisa. Acreditam nisso porque vêem que a posição do ponto de aglutinação é o que dita o que nossos sentidos percebem. Se o ponto de aglutinação alinha emanações no interior do casulo em uma posição diferente da normal, os sentidos humanos percebem de maneiras inconcebíveis.
Há uma distinção significativa entre um movimento e um deslocamento do ponto de aglutinação. O movimento é uma profunda mudança de posição, tão extrema que o ponto de aglutinação pode mesmo alcançar outras faixas de energia no interior de nossa massa total luminosa. Cada faixa de energia representa um universo completamente diferente a ser percebido. Um deslocamento, entretanto, é um movimento pequeno no interior da faixa de campos de energia, que percebemos como um mundo da vida cotidiana.
O aspecto do alinhamento que mantém o ponto de aglutinação estacionário é a vontade; e o aspecto que o faz mudar é a intenção, o intento! Um dos mistérios mais assombrosos é como a vontade, a força impessoal do alinhamento, se transforma em intenção, a força personalizada, a serviço de cada indivíduo.
A parte mais estranha deste mistério é que a mudança é tão fácil de realizar. Mas o que não é tão fácil é convencer a nós mesmos que isso é possível. É aí que reside nossa segurança. Temos de ser convencidos. E nenhum de nós quer sê-lo.
(Compilação Flórion)

Comentários
  • Sérgio Santos 2305 dias atrás

    Vejam que lindo:
    “As condições de um pássaro solitário são cinco:
    Primeiro, que ele voe ao ponto mais alto;
    Segundo, que não anseie por companhia, nem a de sua própria espécie;
    Terceiro, que dirija seu bico para os céus;
    Quarto, que não tenha uma cor definida;
    Quinto, que tenha um canto muito suave.”
    (San Juan de la Cruz, Dichos de luz y amor)

  • antonio toledo 4808 dias atrás

    De todos os livros do sr Castanheda penso que 2 são os primordiais…O poder do silencio e porta para o infinito.
    Nunca entendi o ponto de aglutinação como um ponto em nosso casulo. Penso que o ponto de aglutinação é um campo entre a mente comum e a consciencia …mas ainda assim me parece que falta algo…transcender a mente? al toledo

  • Valdir Sopelsa 5056 dias atrás

    Sou leitor assíduo dos livros de Carlos Castaneda desde os anos 80,mas acho que só agora,aos 54 anos de idade e após conhecer todo o conjunto da obra,tenho a intuição do significado desta nova revelaçaõ.Sinto em mim os primeiros resultados dos mais de trinta anos de busca solitária após a descoberta deste tesouro,ainda que jamais haja abandonado meu modo de vida comum e praticado os ensinamentos com muita parcimonia.(Parabéns pela matéria! Que o Poder vos guie na divulgação destes ensinos que devem resgatar muitos humanos para compor a linhagem da Nova Era.)

  • Manoel – Goiânia – GO 5071 dias atrás

    Gostei e entendi a ilustração. Robin Willians representa o professor rebelde no filme Sociedade dos Poetas Mortos, na cena em que ele convida os alunos a subirem na mesa para enxergarem a sala de um ponto de vista diferente. Isto seria um deslocamento do ponto de aglutinação?

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