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Globalização
Como um geógrafo urbano, que discute as cidades, e dos grandes nomes da revolução da geografia do Brasil, ocorrida na década de 1970, Milton Santos era um grande crítico que chamava de “globalização perversa”, que utilizava-se da ciência e modernidade para benefício de poucos e raros. Selecionamos as frases do autor que refletem esta questão moderna.
“O mundo é formado não apenas pelo que já existe mas pelo que pode efetivamente existir.”
“A evolução do homem: na pré-história o homem das cavernas vivia em bandos para se defender dos predadores, hoje o homem vive em bandos para depredar.”
“Antigamente as grandes nações mandavam seus exércitos conquistar territórios e o nome disso era colonização. Hoje as grandes nações mandam suas multinacionais conquistar mercados e o nome disso é globalização.”
“A globalização mata a noção de solidariedade, devolve o homem à condição primitiva do cada um por si e, como se voltássemos a ser animais da selva, reduz as noções de moralidade pública e particular a um quase nada.”
“O espaço se globaliza, mas não é mundial como um todo senão como metáfora. Todos os lugares são mundiais mas não há um espaço mundial. Quem se globaliza mesmo são as pessoas.”
“Eu chamo a globalização de globaritarismo porque estamos vivendo uma nova fase de totalitarismo. O sistema político utiliza os sistemas técnicos contemporâneos para produzir a atual globalização, conduzindo-nos para formas de relações econômicas implacáveis, que não aceitam discussão, que exigem obediência imediata.”
“Por causa dessa geopolítica que se instalou, proposta pelos economistas e imposta pela mídia, o centro do mundo hoje não é o homem, é o dinheiro. Isso abriu espaço para qualquer forma de barbárie, pela qual a gente deixa morrer crianças, velhos e adultos tranquilamente.”
Desigualdade Social
O geógrafo foi crítico dos modelos de globalização. Santos não acreditava ser possível, e nem sustentável, globalizar sem enfrentar a redução das desigualdades — muito expostas em um cenário de pandemia como o da covid-19, que atinge o mundo todo, mas de forma heterogênea.
“Existem apenas duas classes sociais, a dos que não comem e a dos que não dormem com medo da revolução dos que não comem.”
“Talvez esses 50 anos (de globalização) criaram também uma multidão de excluídos, ajuda a fazer eu crer na oposição aos que têm e estão tranquilos por isso e aos que não tem e estão permanentemente intranquilos.”
“Jamais houve na história um período em que o medo fosse tão generalizado e alcançasse todas as áreas da nossa vida: medo do desemprego, medo da fome, medo da violência, medo do outro.”
“A classe média não quer direitos, ela quer privilégios, custe os direitos de quem custar.”