Bendito quem inventou o belo truque do calendário, pois o bom da segunda-feira, do dia 1º do mês e de cada ano novo é que nos dão a impressão de que a vida não continua, mas apenas recomeça…Que seria de nós se a folhinha marcasse hoje o dia 713.789 da era Cristã?
Atirei-me, pois, metaforicamente, pela janela do tricentésimo-sexagésimo-quinto andar do ano passado. Morri? Não. Ressuscitei.
Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas.
O mais feroz dos animais domésticos é o relógio de parede: conheço um que já devorou três gerações da minha família.
Nós vivemos a temer o futuro, mas é o passado que nos atropela e mata.
Venho do fundo das Eras
Quando o mundo mal nascia…
Sou tão antigo e tão novo
Como a luz de cada dia!
Despertador é bom para a gente se virar para o outro lado e dormir de novo.
Trova
Coração que bate-bate…
Antes deixes de bater!
Só num relógio é que as horas
Vão passando sem sofrer.
Há uns que morrem antes; outros depois. O que há de mais raro, em tal assunto, é o defunto certo na hora exata.
O passado não reconhece o seu lugar: está sempre presente.
O tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais velho que a gente…
O tempo não pára! A saudade é que faz as coisas pararem no tempo…
Nada jamais continua, tudo vai recomeçar!
Quando guri, eu tinha de me calar, à mesa: só as pessoas grandes falavam.
Agora, depois de adulto, tenho de ficar calado para as crianças falarem.
Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!
O futuro é uma espécie de banco ao qual vamos remetendo, um a um, os cheques de nossas esperanças. Ora, não é possível que todos os cheques sejam sem fundo.
Estou com 78 anos, mas sem idade.
Idades só há duas: ou se está vivo ou morto.
Neste último caso é idade demais, pois foi-nos prometida a Eternidade…
Que eu nunca deixe minha esperança ser abalada por palavras pessimistas
Esse estranho que mora no espelho, e é tão mais velho do que eu,
olha-se de um jeito de quem procura adivinhar quem sou.
A morte deveria ser assim:
um céu que pouco a pouco anoitecesse
e a gente nem soubesse que era o fim…
Só tu soubeste achar-me… e te foste!
Nada jamais continua. Tudo vai recomeçar!
E sem nenhuma lembrança das outras vezes perdidas,
atiro a rosa do sonho nas tuas mãos distraídas
Um dia descobrimos que apesar de viver quase um século esse tempo todo não é suficiente para realizarmos todos os nossos sonhos.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata.
Antes de julgares a “minha vida” ou meu “caráter”…
calça os meus sapatos e percorre o caminho que Eu percorri,
e vive as “minhas tristezas”, as “minhas dúvidas”,
“as minhas alegrias! “Percorre os anos que eu percorri,
tropeça onde Eu tropecei e levanta-te, assim como Eu o fiz.
Cada um tem a sua própria história!!!
E então,só assim poderás “julgar-me”!
Na convivência, o tempo não importa.
Se for um minuto, uma hora, uma vida.
O que importa é o que ficou deste minuto,
desta hora, desta vida…
Lembra que o que importa
… é tudo que semeares colherás.
Por isso, marca a tua passagem,
deixa algo de ti,…
do teu minuto,
da tua hora,
do teu dia,
da tua vida.
A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são seis horas!
Quando se vê, já é sexta-feira. ..
Quando se vê, já terminou o ano…
Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida.
Quando se vê, já passaram-se 50 anos!
Agora é tarde demais para ser reprovado.
Desta forma, eu digo:
Não deixe de fazer algo que gosta devido à falta de tempo, a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.
Há uma cor que não vem nos dicionários. É essa indefinível cor que têm todos os retratos, os figurinos da última estação.. – a cor do tempo.
A recordação é uma cadeira de balanço embalando sozinha.
Ah, sempre que se sonha alguma coisa
tem-se a idade do tempo em que a sonhamos:
Me esqueci do futuro…
As mãos que dizem adeus são pássaros que vão morrendo lentamente.
Amigos não consultem os relógios quando um dia me for de vossas vidas… Porque o tempo é uma invenção da morte: não o conhece a vida – a verdadeira – em que basta um momento de poesia para nos dar a eternidade inteira.
A morte é a libertação total: a morte é quando a gente pode, afinal, estar deitado de sapatos.
Com o tempo, não vamos ficando sozinhos apenas pelos que se foram, vamos ficando sozinhos uns dos outros.
A eternidade é um relógio sem ponteiros.
Comentários
O tempo é um ponto de vista. Velho é quem é um dia mais velho que a gente…
É isso ai, genial.