Lúcifer, a Reforma Protestante e a Teologia da Prosperidade – parte X
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(continuação da parte IX)
“Quem não gosta de política vai ser governado por quem gosta”
Platão, há 2500 anos.
O arrebanhamento eleitoral ocorre, segundo a tese citada na parte anterior, por causa de uma soma de fatores. Um deles é a influência das lideranças religiosas pentecostais, que atuam como cabos eleitorais, “brokers” nos EUA. Estes utilizam em seus discursos e pregações o elemento moral, usado para justificar o voto dos seguidores, sobrepondo-se a seus interesses sociais ou econômicos. “Essas lideranças mobilizam explicitamente o eleitorado de baixa renda contra os partidos de esquerda. Fazem isso porque a agenda moral dos partidos de esquerda conflita com o discurso dessas igrejas”, completa.
É o caso de temas como legalização do aborto, do uso medicinal da maconha e união homoafetiva, pautas que costumam ser relacionadas aos programas de partidos de esquerda. Segundo cálculos feitos por Araújo, com base nas informações do Latinobarómetro, a probabilidade de apoio à união homoafetiva, por exemplo, é 57% menor para um evangélico tradicional e 71% menor para um evangélico pentecostal. Já a probabilidade de um católico se posicionar a favor é 45% maior.
Além da moralidade
Apesar de ser a explicação mais simples e mais fácil de aceitar, a questão da moralidade nos parece muito mais uma cortina de fumaça para acobertar a verdadeira realidade do indevassável universo pentecostal. Para financiar o império de megatemplos, grandes redes de rádio e TV, e sua vida faustosa, é necessário muito mais que o dízimo dos fiéis ou o faturamento dos serviços atrelados à religião. É fundamental para os dirigentes pentecostais ter grande influência na política dos governos locais, regionais e nacionais. É preciso obter concessões de utilização de Rádio e TV, verbas de publicidade, para sustentar as grandes redes de comunicação que garantem a superlotação dos megatemplos.
Concessões de comunicação? Não, não bastam! Também as isenções de impostos para as atividades que tem a atividade templária como pretexto, veículos de luxo, barcos, aeronaves, isentos de IPVA, palacetes e mansões.
Em resumo, o fiel entrega cegamente sua alma no Altar do Templo, confiando que seu destino está nas mãos de Deus, seu voto passa então a buscar a defesa do interesse econômico e político, não dele mesmo, o fiel e sua família, mas da poderosa instituição a quem, em nome do Senhor, confiou sua vida e a de sua família! “Deixa a luz do céu entrar, deixa o sol em ti nascer, abre o coração e deixa Cristo entrar, e o sol em ti nascer”! (hinário gospel)
Da mesma forma que a bancada ruralista consegue arregimentar o voto dos trabalhadores rurais para eleger os representantes do Agronegócio em nome da representação regional e local, os Missionários arregimentam os votos dos fiéis para a construção de seu império de midia, megatemplos, além da vida sodômica das potestades. “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”. Efésios 6:12
Há três bancadas no Congresso Nacional que constituem o tripé de sustentação do Centrão Fisiológico BBB. Nesse caso não se trata do Big Brother Brasil, a sigla aqui quer dizer “Bala, Boi e Bíblia”. A bancada da bala tem 275 parlamentares, a ruralista 198 e a evangélica 74. Vinte parlamentares atuam nas três, entre eles estava o ex presidente da Câmara, agora condenado, Eduardo Cunha, que é evangélico. Nas frentes da “bala” e do “boi” há 105 deputados simultaneamente. E 22 congressistas estão nas frentes da “Bíblia” e da “bala” ao mesmo tempo. O presidente da bancada evangélica, João Campos, PSDB-GO, por exemplo, é delegado de polícia e vice-presidente da bancada da bala.
As três bancadas com poucas exceções distribuem seus membros entre as várias comissões, formando um bunker em torno das pautas conservadoras nos costumes, privilégios elitistas e no resguardo de seus interesses econômicos e principalmente tributários. Eles tem força para fazer qualquer governo refém, seja na transformação das estatais em cabides de emprego gerando os Mensalões e Petrolões ou nos Orçamentos Secretos, eufemisticamente chamados de Emendas de Relator. “Politica et oeconomica potentia pari passu vadunt per omnia saecula saeculorum”, o poder político e o econômico andam passo a passo desde sempre e para sempre.
Por orientação do presidente Jair Bolsonaro, a liderança do governo no Congresso construiu acordo e derrubou em março/2021, seu próprio veto que impedia o perdão de dívidas tributárias contraídas por templos religiosos pelo não pagamento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido, CSLL, no valor de 1,4 bilhão de Reais. O veto ao dispositivo foi revogado durante sessão deliberativa da Câmara, decisão depois confirmada pelo Senado. O presidente Bolsonaro afirmou que havia vetado a anistia por orientação da equipe econômica e de sua assessoria jurídica que lhe advertiu que tal atitude poderia gerar até mesmo um processo de impeachment.
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Comentários
O domínio dos Evangélicos provêm do controle sobre o Poder.
A Terra é dominada por 4 PODERES:
1 – PODER de Persuasão.
2 – PODER de TERRAS.
3 – PODER do DINHEIRO.
4 – PODER POLÍTICO.
Os Evangélicos dominaram estas 4 Formas de PODERES, Simultâneamente.
Ninguém domina esse Pessoal mais. São Literalmente Independentes e Livres.
NADA PAGA A LIBERDADE.