Corrupção

Publicado por Editor 16 de março de 2012

No começo era o verbo

E este era livre de prés e pós conceitos

Era único e era só

Bastava-se em si mesmo

Era autoconfiante e sincero

Então

Surgiu o poeta

Se infiltrando qual serpente venenosa

E se pôs a conjugar o verbo

E o fechou em um labirinto de mesóclises

E sujeitos ocultos

Destruiu sua paz serena

E o fez auto-piedoso,

Auto-comiserado, autocrítico

Roubou sua sinceridade

E o fez cínico, sarcástico

Converteu paz em silêncio

E silêncio em opressão

E não seremos perdoados

Enquanto não queimarmos o poeta

E devolvermos suas cinzas ao pó

Ao verbo inconjugável do existir

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