Ciclos da recapitulação

Publicado por Editor 18 de julho de 2019

Existem dois ciclos básicos para a recapitulação: o primeiro é chamado de formalidade e rigidez, e o segundo de fluidez.

A recapitulação de um evento começa com a mente arrumando tudo que tem a ver com o que está sendo recapitulado. Arrumar significa reconstituir o evento, peça por peça, começando pela lembrança dos detalhes físicos ao redor, e em seguida passando à pessoa com quem compartilhamos a interação, e em seguida para nós mesmos, para o exame de nossos sentimentos.

A maneira como os feiticeiros realizam a recapitulação é muito formal. Consiste em fazer uma lista de todas as pessoas que conheceram, desde o presente até o início de suas vidas. Uma vez feita essa lista, pegam a primeira pessoa dela e lembram-se de tudo o que puderem sobre essa pessoa. E quero dizer tudo, cada detalhe. É melhor recapitular do presente para o passado, porque as memórias do presente estão frescas e dessa maneira a capacidade de lembrar é afiada. O que os praticantes fazem é lembrar e respirar. Inspiram lenta e deliberadamente, girando a cabeça da direita para a esquerda, num balanço quase imperceptível, e expiram da mesma forma. O inspirar e o expirar devem ser naturais, se forem rápidos demais, uma pessoa entraria no que se chama de respiração cansativa: respirações que depois precisam de respirações lentas a fim de acalmar os músculos.

Os feiticeiros falam sobre esse ato como inalar todos os sentimentos que a pessoa teve no acontecimento sendo recordado e expelir todos os humores indesejáveis e os sentimentos irrelevantes que permaneceram nela. Os feiticeiros acreditam que o mistério da recapitulação reside no ato de inalar e exalar. Uma vez que a respiração é uma função de manutenção da vida, os feiticeiros têm certeza de que através dela a pessoa também pode entregar ao mar escuro da consciência ou à Águia o fac-símile das suas experiências de vida.

Comece a fazer a sua lista hoje. Divida-a por anos, por ocupações, organize-a da maneira que quiser, porém faça-a em sequência, com a pessoa mais recente primeiro e terminando com sua mãe e o seu pai. Depois, lembre-se de tudo sobre elas. Não há nada mais para se fazer além disso. À medida que você pratica, perceberá o que está fazendo. A recapitulação é uma manobra dos feiticeiros para induzir um deslocamento minúsculo, porém firme, do ponto de aglutinação. Sob o impacto de rever sentimentos e ações do passado, o ponto de aglutinação fica indo e vindo e voltando do posicionamento atual para o que ele ocupava quando aconteceu o evento que está sendo recapitulado.

O raciocínio dos feiticeiros antigos, para explicar a recapitulação, era sua convicção de que existe uma inconcebível força de dissolução no universo, a Águia, que faz os organismos viverem emprestando-lhes consciência. A mesma forma também faz os organismos morrerem, para extrair deles a mesma consciência emprestada, que os organismos aprimoraram através de suas experiências de vida.

Os feiticeiros antigos acreditavam que, como essa força estava atrás de nossa experiência de vida, era de suprema importância o fato de que ela poderia satisfazer com um fac-símile de nossa experiência de vida: a recapitulação. Ao receber o que deseja, a força de dissolução deixa os feiticeiros livres para expandir sua capacidade de perceber e de chegar com ela aos confins do tempo e do espaço.

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