O mundo todo
única verdade comemora
a queda do muro de berlim
brindes etílicos
rimas idílicas
fogos de sacrificios
murais coloridos
painéis de liberdade
míticos rituais
da mídia irremediável serva
comemora aos berros
nos bares e becos
o fim da história
a festa do mercado
saturado de inutilidades
mas perto de mim
persistem tantas
tristes
trágicas barreiras e muralhas
carros de luxo
casas em ruinas
berlim
o mundo todo
única verdade comemora
a queda do muro de berlim
brindes etílicos
fogos de sacrificios
murais coloridos
painéis de liberdade
míticos rituais
da mídia irremediável serva
comemora aos berros
o fim da história
a festa do mercado
saturado de inutilidades
mas perto de mim
persistem tantas
tristes
trágicas barreiras e muralhas
carros de luxo
casas em ruínas
falsas cores e luxúrias
cercas elétricas
caras fechadas
fechaduras de ouro
fachadas desertas
asilos de solidão
pobreza absoluta
desigualdade
e servidão
entre mim e meu vizinho
eu sozinho
não há paisagem possível
nem água nem passarinho
no carinho incomum
na esquina transita figura esquiva
me escuta
não há
um buraco sequer
uma brecha que seja
na parede que divide
o quintal das dores
universais
tudo de murmúrios e revides ocultos
se orgulha
doma
domina
doura a pílula da alegria
a linguagem triunfante
cega o sonho da esperança
nenhum caminho leva a honra
a roma ao amor entre os homens
todos os caminhos levam ao simulacro
ao rumor de um tempo sem nome
Comentários
Maravilhoso!
Percebo que o muro caiu, mas que dentro de nós existem muitos muros. Muitos ainda vivem como se houvesse a guerra e o adversário está lá fora pronto a nos atacar, criando estratégias de ataque ao inimigo… quando nosso pior inimigo somos nós mesmos e os piores muros são esses que estão dentro de nós!
João, fica registrada a minha leitura e o prazer de saber que continuas com sintonia fina em relação aos muros espirituais.
Abraços ,
Chico Aloísio