A manipulação do intento

Publicado por Editor 21 de outubro de 2019

O intento inflexivo é uma espécie de obstinação exibida pelos seres humanos, um propósito extremamente bem definido não controvertido por quaisquer interesses ou desejos conflitantes. Intento inflexivo também é a força engendrada quando o ponto de aglutinação se mantém fixo numa posição que não é a usual.

Os feiticeiros veem o intento inflexivo como um catalizador para desencadear suas decisões imutáveis, ou como o inverso: suas decisões imutáveis são o catalizador que impulsiona seus pontos de aglutinação a novas posições, as quais geram o intento inflexivo.

O mundo da vida cotidiana consiste de dois pontos de referência. Temos, por exemplo, aqui e ali, dentro e fora, em cima e embaixo, direita e esquerda, antes e depois, bem e mal, e assim por diante. Assim propriamente falando, a percepção de nossas vidas é bidimensional. Nada do que nos percebemos fazendo no momento presente tem profundidade.

Um feiticeiro percebe suas ações com profundidade. Suas ações são tridimensionais para ele. Eles têm um terceiro ponto de referência. Nossos pontos de referência são obtidos primariamente de nossa percepção dos sentidos. Nossos sentidos percebem e diferenciam o que é imediato e o que não é. Usando essa distinção básica, nós concluímos o resto.

Para atingir o terceiro ponto de referência é preciso perceber dois lugares ao mesmo tempo. A percepção normal tem um eixo. Aqui e ali são os perímetros desse eixo, e somos parciais à clareza do aqui. Em percepção normal, apenas o aqui e agora é percebido, completa, instantânea e diretamente. Aos seus referentes gêmeos, ali e depois, falta o senso de imediato. É imaginado, acreditado, esperado, mas não é apreendido diretamente com todos os sentidos. Quando percebemos dois lugares ao mesmo tempo, a clareza total é perdida, mas a percepção imediata do ali e do depois é ganha.

Estar em dois lugares ao mesmo tempo é um marco usado pelos feiticeiros para anotar o momento em que o ponto de aglutinação alcança o lugar do conhecimento silencioso. Percepção dividida, se realizada por meios do próprio indivíduo, é chamado o movimento livre do ponto de aglutinação. Esse esforço total é criticamente chamado estendendo-se para o terceiro ponto.

O terceiro ponto de referência é liberdade de percepção, é o intento, é o espírito, a cambalhota do pensamento para o mágico, o miraculoso, o ato de nos estendermos além de nossas fronteiras e tocarmos o inconcebível.

Descobrir a possibilidade de estar em dois lugares ao mesmo tempo é muito excitante. Uma vez que nossas mentes são nossa racionalidade, e nossa racionalidade é nossa auto-reflexão, tudo além de nossa auto-reflexão ou nos apavora ou nos atrai, dependendo do tipo de pessoas que somos.

Descrevi para você, de muitas maneiras, os diferentes estágios pelos quais passa o guerreiro ao longo da trilha do conhecimento. Em termos de sua conexão com o intento, um guerreiro passa por quatro estágios. O primeiro é quando tem um elo enferrujado, não confiável, com o intento. O segundo, quando consegue limpá-lo. O terceiro, quando aprende a manipulá-lo. E o quarto estágio é quando aprende a aceitar os desígnios do abstrato.

Comentários
  • Mauríco de Lara Galvão 1685 dias atrás

    Muito bom, tá tudo muito bem sistematizado e explicado aqui. Intento!

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