Os antigos videntes descobriram que é possível deslocar o ponto de aglutinação ao limite do conhecido e mantê-lo fixado ali num estado fundamental de consciência intensificada. Dessa posição, viram a possibilidade de lentamente deslocar seus pontos de aglutinação para outras posições permanentes além daquele limite – um feito estupendo, repleto de ousadia, mas desprovido de sobriedade, pois nunca conseguiram refazer em sentido inverso o movimento de seus pontos de aglutinação, ou talvez nunca o tenham desejado.
Os homens ousados, ante a escolha entre morrer no mundo cotidiano, e morrer em mundos desconhecidos, irão inevitavelmente optar pela segunda hipótese, que os novos videntes, compreendendo que seus predecessores haviam meramente escolhido mudar o local de sua morte, chegaram à compreensão da futilidade de tudo aquilo, a futilidade de lutar para controlar seus semelhantes, a futilidade de aglomerar outros mundos e, acima de tudo, a futilidade da vaidade.
Uma das decisões mais felizes que os novos videntes tomaram foi nunca permitir que seus pontos de aglutinação se deslocassem permanentemente para qualquer posição que não fosse a da consciência intensificada. A partir dessa decisão, resolveram realmente seu dilema de futilidade e descobriram que a solução não está simplesmente em escolher um mundo alternativo no qual morrer, mas escolher a consciência total, a liberdade total.
Ao escolher a liberdade total, os novos videntes involuntariamente continuaram a tradição de seus predecessores e tornaram-se a quintessência dos desafiantes da morte. Os novos videntes descobriram que, se o ponto de aglutinação é levado a deslocar-se constantemente para os confins do desconhecido, mas trazido de volta a uma posição no limite do conhecido, quando é subitamente liberado ele se desloca como um relâmpago através de todo o casulo do homem, alinhando todas as emanações do interior do casulo de uma só vez.
Os novos videntes ardem com a força do alinhamento, com a força da vontade, que transformam na força da intenção através de uma vida de impecabilidade. A intenção é o alinhamento de todas as emanações ambarinas da consciência, de modo que é correto dizer que a liberdade total significa consciência total.
A liberdade é o presente da Águia para o homem. Infelizmente, são muito poucos os homens que compreendem que tudo de que necessitamos para aceitar um presente tão magnífico é dispor de energia suficiente. Se é tudo de que necessitamos, então é evidente que devemos tornar-nos avaros de energia.
O presente de liberdade da Águia não é uma concessão, mas uma chance de ter chance.
Uma cambalhota para o inconcebível
Vou lhe contar algo fundamental sobre os feiticeiros e seus atos de feitiçaria. Algo sobre a cambalhota de seu pensamento para o inconcebível. Alguns feiticeiros são contadores de histórias. Contar histórias para eles não é apenas o batedor avançado que testa seus limites perceptíveis mas o seu caminho para a perfeição, para o poder, para o espírito.
Mudar o relato factual da história de um herói ou personagem, por exemplo, pode ser um instrumento psicológico, uma espécie de pensamento desejoso por parte do feiticeiro contador de histórias. Ou talvez seja uma maneira pessoal, idiossincrática, de aliviar a frustração.
Mas não é a questão de um feiticeiro contador de histórias. Todos eles o fazem. O feiticeiro contador de histórias que muda o final do relato factual o faz sob a direção e sob os auspícios do espírito. Por conseguir manipular sua conexão alusiva com o intento, pode efetivamente mudar as coisas. Sob os auspícios do espírito, este simples ato mergulha-o no próprio espírito. Ele deixa seu pensamento dar uma cambalhota para o inconcebível.
Por ser o seu entendimento puro, um batedor avançado testando a imensidade lá fora, o feiticeiro contador de histórias sabe, sem sombra de dúvida, que em algum lugar, de algum modo, naquele infinito, neste exato momento o espírito desceu. O ideal do herói transcendeu sua pessoa.
Espreitar a si mesmo
Os seres humanos são infinitamente mais complexos e misteriosos que as nossas mais loucas fantasias. A experiência dos feiticeiros é tão bizarra que os feiticeiros a consideram um exercício intelectual, e usam-na para espreitar-se. Seu trunfo como espreitadores, entretanto, é que permanecem agudamente conscientes de que são os perceptores de que a percepção tem mais possibilidades do que a mente pode conceber.
Para proteger-se daquela imensidade, os feiticeiros aprendem a manter uma mistura perfeita de implacabilidade, astúcia, paciência e doçura. Essas quatro bases estão inexplicavelmente interligadas.
Os feiticeiros cultivam-nas intentando-as. Essas bases são, naturalmente, posições do ponto de aglutinação. Qualquer ato executado por qualquer feiticeiro é por definição governado por esses quatro princípios. Assim falando propriamente, cada ação de cada feiticeiro é deliberada em pensamento e realização, e tem a mistura específica dos quatro fundamentos da espreita.
Os feiticeiros usam as quatro disposições da espreita como guias. Trata-se de quatro estruturas mentais diferentes, quatro mesclas distintas de intensidade que os feiticeiros podem usar para induzir seus pontos de aglutinação a se moverem a posições específicas.
Pense sobre os cernes abstratos básicos das histórias de feitiçaria. Ou melhor, não pense a respeito deles, mas faça seu ponto de aglutinação se mover na direção do lugar do conhecimento silencioso.
Mover o ponto de aglutinação é tudo, mas não significa nada se não for um movimento sóbrio e controlado. Portanto, feche a porta da auto-reflexão. Seja impecável e terá a energia para atingir o lugar do conhecimento silencioso. Os cernes abstratos se revelam extremamente devagar, avançando e recuando de modo errático.
Comentários
Obrigado pela ajuda, Nadia. Faltou dizer que o primeiro gosta de música alta, geralmente funk, rap ou pagode, para passar para os outros os sapos que engoliu durante a semana, o segundo, de volume médio, geralmente musica de artistas consagrados para ser considerado culto, e o terceiro musica baixa, de raiz ou clássica, pois precisa de paz interior.
Toledo, você conhece muita coisa, dá pra ver em seu comentário.
Li os livros do Castaneda e sobre os movimentos no ponto de aglutinação eu vejo mais ou menos assim:
1) Ponto de aglutinação fixo – individuo absolutamente normal, usa metade do salário para pagar as prestações, engole todos os sapos no serviço mas cumpre as ordens à risca, torcedor do time que está ganhando, fiel dizimista de uma igreja que anda cheia, telespectador assiduo, adora o Big Brother e passa o domingo no churrasco na casa da sogra com o Faustão ligado;
2) Ponto de aglutinação ligeiramente estremecido – individuo que tem algumas opiniões, se rebela contra as ordens mais absurdas do chefe, procura fazer uns passeios no fim de semana pra fugir da rotina, evita se endividar no limite, torce moderadamente para um time que não tem títulos, passa mais tempo na internet que na TV, não deixa de ir à casa da sogra pra fazer média com a mulher, mas participa de alguma ONG ou atividade social;
3) Ponto de aglutinação descolado – individuo rebelde, imaginativo, impõe seu jeito de trabalhar aos chefes, acompanha seu time do coração por rádio ou pela internet, adora entrar numa livraria, sempre faz um curso diferente na área de artes e ciencias, ativista de causas sociais e ambientais, necessariamente é considerado louco, vive no limite para não deixar a peteca cair.
É isso aí Hemerson, a loucura controlada é fundamental para sacudir o ponto de aglutinação!!!!
O desenvolvimento da pessoa é um complexo de aprendizados que inicia-se com a percepção de algo interior agindo com o mundo em volta e forma uma como que mediunidade para transformar-se em veiculo do espirito, e, conhecer então as Manifestações do Espirito….gerando a Espreita, Atalaia, Atenção e com isso o encontro das energias cósmicas…ou seja …. mediunidade, manifestação do espirito, atenção formam a base para Intento, Espreita e Conhecimento..
gostei do artigo…passa muita força…só não entendo como mudar ou alterar o ponto de aglutinação…