Poesia
Solidão sitiada
15 de maio de 2020
fique em casa olhe pela janela na parede do prédio ao lado descubra manchas amorfas figurações um rosto de velho um borrão ilegíveis pichações abaixo no pátio mendiga curvada sobre…
O pêndulo nos arrabaldes
11 de maio de 2020
O poeta, qual enxadrista, avança, peça a peça, sobre o tablado onde dançam, entrelaçados, os tempos todos em que ele, o poeta, se refestelou. Delira perante a vitrine: ali expostas,…
De volta ao começo
6 de maio de 2020
Depois de caminhante e andarilho, plagas estranhas e imprevistas, ainda aguardam o poeta. O bardo de longeva idade, Não claudica, retoma o passo Com a força de uma locomotiva, E…
Futuro do pretérito
28 de abril de 2020
A cigana que me leu a mão não adivinhou que barragens se romperiam que ao fundo na paisagem ferruginosa existiria o que seria previsível o que seria incúria Não previu…
Despedidas
22 de abril de 2020
Conforme me disse o amigo Conceituadíssimo poeta bomdespachense Que almeja cadeira na Academia Não devo sair de casa Pois estou à beira dos sessentanos. A isso acrescenta minha consorte Alguns…
O ermitão em sua gruta
31 de março de 2020
Agora vejo Dentro do atroz confinamento, Que perdi minha sombra. Percebo agora Mas já deve fazer algum tempo. Uma sombra, afinal, não some Sem mais nem menos Do dia pra…