O paroquiano, esse chato…

Publicado por Carlos Scheid 24 de setembro de 2015

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O paroquiano está chateado. O pároco falou 15 minutos a mais no sermão e ele não gostou. Claro, o paroquiano não percebeu que, nesse mesmo instante, 15 mil jovens, de diferentes nações e Igrejas, estão reunidos na Comunidade de Taizé, em magnífico coral, louvando as misericórdias de Deus.

O paroquiano está chateado. O sistema de som estava ruim e deu microfonia. Claro, o paroquiano não se lembrou de que, naquele mesmo instante, as irmãzinhas de Madre Teresa saíam de casa, com um sorriso luminoso, em direção à favela onde vão cuidar do Corpo de Cristo, isto é, dos mendigos, leprosos e drogados.

O paroquiano está chateado. O vigário ousou observar que o dízimo diminuiu e a conta de luz aumentou. Claro, o paroquiano não prestou atenção no noticiário de ontem, que registrou a ação pacificadora do Papa Francisco, ao estender pontes entre cubanos e norte-americanos.

O paroquiano está muito chateado. Não faz mal. Todo chato vive chateado!

Sabe qual é o problema do paroquiano? Ele pensa que a Igreja se resume à sua própria paróquia: uma igrejinha de quintal. Assim, quando o pároco anuncia que está deixando a paróquia para ser missionário entre os índios da Amazônia, o doutor paroquiano experimenta um sentimento de perda. Podia ser de orgulho, não é? Ver que sua paróquia dava um salto para a missão. Poderia até oferecer-se para acompanhar o sacerdote como catequista, não é? Ou, para não pedir muito, o paroquiano poderia dar um cheque bem gordinho para ajudar nos gastos da viagem…

Mas não dá. Ele é o centro do mundo. Ele trocou o Catecismo, o Missal e o Direito Canônico pelo próprio umbigo. E este ponto central é que dita o rumo da barca de Pedro. O paroquiano lembra, astronomicamente, os chamados “buracos negros” do Cosmo, que atraem toda matéria próxima. A Igreja deve existir para ele; não lhe ocorre existir para ela…

Bem, não sejamos ásperos… Talvez o paroquiano nem tenha culpa. A paróquia lhe oferece os sacramentos, a missa dominical, catecismo para as crianças, quermesses e barraquinhas. E o bingo, claro! Mas o pobre paroquiano não ouviu o Querigma, o primeiro anúncio do Evangelho. Tenho mesmo a impressão de que ele tem uma visão bem nebulosa acerca de Jesus Cristo, ignora os próprios pecados, não sente necessidade de conversão e, contando apenas com seu esforço e suor, dispensa em definitivo a ação do Espírito Santo em sua vida.

Se o paroquiano confunde ressurreição com reencarnação, se ele pensa que a Imaculada Conceição é a gravidez de Maria, se ele acredita que o Juízo Final está vindo com o Dr. Sergio Moro, é apenas parte de sua ignorância. Quase sempre, é a ignorância que chateia o chato…

Comentários
  • munnari ezio 3194 dias atrás

    É por aí.Quase sempre somos os melhores em tudo; o mais sábio, o mais inteligente, o mais esperto. Por isso mesmo o mais chato.

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