Eu ainda não conheci na intimidade uma mulher que verdadeiramente não esteja à procura de um parceiro fixo. Nem entre minhas clientes, entre minhas amigas ou amigas de minhas amigas. Tenho 30 anos de profissão e a maior parte da clientela dos psicólogos é de mulheres. Conheço mulheres que desistiram de encontrar um companheiro, principalmente mulheres de meia idade que tem maior dificuldade em despertar um interesse duradouro nos homens.
Observo às vezes em mulheres que tem independência financeira a falta de desejo de casar, morar junto. Mas querem um namorado fixo. Noto que as mulheres se tornaram mais liberais para terem casos fora da relação principal, mantendo segredo do fato. Existem mulheres que às vezes investem em 2 ou 3 parceiros ao mesmo tempo, com fins de ‘pesquisa’, visando escolher a melhor opção. São situações por prazo limitado. As mulheres hoje estão mais livres para estas condutas, que antigamente gerariam péssimo estigma sobre elas. Mas uma mulher que se orgulhe de ter alguns namorados simultâneos, por longos períodos de tempo, ainda não conheci. Conheci mulheres promíscuas, amargas, por não conseguirem de fato se sentirem amadas por alguém. Sentem-se usadas, ‘um pedaço de carne’, como já ouvi uma vez. A alegria na promiscuidade ainda me parece um fenômeno tipicamente masculino.
Li recentemente o livro “Diário de Marise” de Vanessa de Oliveira. Foi prostituta durante quase 5 anos, entre 25 e 30 anos de idade. Mulher inteligente, estudante de enfermagem enquanto era prostituta. Graduou-se em enfermagem. O livro é bastante sincero, íntimo, reflexivo. No inicio do processo de ser prostituta com frequência tinha orgasmos com seus clientes. Com o tempo vai ficando exausta daquela vida e perdendo a capacidade de sentir prazer. Atendia de 5 a 8 pessoas por dia e chegou a ganhar de 10 a 15 mil reais por mês. No final do livro afirma: ‘Eu trocaria os 5 mil homens que atendi, por um único a quem eu ame e que me ame.’
Outro exemplo interessante é o de Anais Nin, que foi muito promíscua na juventude, tinha parceiros fixos e outros ‘satélites’. Fala dos fatos com muita liberalidade, publicou a maior parte de seus diários que escreveu a vida toda. No fim da vida reafirma a necessidade feminina de amar e ser amada por um único homem – sexualmente falando. Tem um romance, de fundo autobiográfico que ela escreveu, publicado em português, que fala desta vida promíscua, e da tristeza que ao fim descobre dentro de si: “Uma Espiã na Casa do Amor”.
Comentários
Carlos, no caso de Anais Nin – não sei se muito liberada ou se se aplica o adjetivo de promíscua mesmo – foi amante de Henry Miller (dos Trópicos) e me “assustou” em seu diário ter descrito o fato de ter seduzido o próprio pai.
Algo que certamente não foge ao campo da Psicologia!
Desculpe manifestação tão tardia…
Concordo com o psicólogo,conheço duas mulheres muito promíscuas,uma é a minha prima,que já era assim desde adolescente e uma colega de trabalho.Em um contato mais superficial elas se divertem contando as vantagens de ser solteiras e sair com vários.
O cara sabe o que fala.
Ao contrário do que o comentarista pensa, é no consultório que elas são reais. Do lado de fora, estão mais para virtuais.
Alias, é para isso que servem os Psicologos, pelo menos os honestos, ou seja: tirar a mascara das pessoas.
Fiquei com a impressão de que ele somente conhece mulheres do consultório, não as reais…
O que tenho encontrado é bem diferente disso.
Prezado Carlos,
vejo que você é um feminista. Não só porque a maior parte de suas clientes são mulheres, mas percebi que você tem um péssimo conceito dos homens. Você acredita mesmo que um homem consegue ser feliz na promiscuidade, sem nenhuma profundidade na relação? Você acha que se for a uma “casa de mulheres” encontrará homens felizes? Ou você imagina que o tipo Don Juan ou Casanova é o protótipo de felicidade masculina?