Eu só quero o seu bem

Publicado por Carlos Bitencourt Almeida 11 de agosto de 2010

Quando queremos ou precisamos aconselhar alguém jogaremos palavras ao vento se não soubermos como fazê-lo. Se falamos num momento de raiva ou de irritação a chance de sermos ouvidos é muito pequena. O modo como falamos, a atmosfera afetiva é mais importante do que o conteúdo. Se falamos com afeto, mansamente, facilitamos imensamente que a pessoa entenda ou pense no que estamos dizendo. Quando a pessoa se sente acusada ou condenada, quase sempre tentará se defender, se justificar, ou então vai contra atacar, nos acusar, lembrar-se de nossos defeitos, queixar-se de comportamentos nossos.

Reagimos do mesmo modo. Quando alguém nos aconselha com carinho, com calma fica muito mais fácil ouvir o que a pessoa está dizendo.  É claro que nem sempre o outro tem razão. Se conseguimos também responder com calma e carinho o diálogo pode prosseguir produtivamente. Às vezes a calma no falar leva embutida raiva, desprezo. O veneno será percebido e o diálogo não será produtivo. Não se trata de aparentar, mas de ser.

            O ato de aconselhar pode esconder, por trás da aparente boa intenção, uma tentativa de auto promoção, vaidade. Queremos ser vistos como sábios, conhecedores, pessoas maduras. Podemos ter uma vida que não é feliz, um casamento que não é bom, uma vida profissional frustrada, mas mesmo assim achamos que sabemos a receita da felicidade. Uma vez uma pessoa me disse: “Minha mãe tem resposta para tudo, mas ela não é feliz. Eu quero é ser feliz!”

            Outra vezes aconselhamos alguém e quando percebemos que a pessoa não nos seguiu, ficamos irritados, ofendidos, nos sentimos desprezados. Pior ainda se ela tiver seguido o conselho de outra pessoa. A nossa vaidade é que foi ferida. Será que de fato sabemos o que é melhor para o outro? Será que aquilo que foi bom para mim, que me fez feliz, vai servir para esta pessoa? Às vezes somos tão diferentes uns dos outros que o remédio para uns é um veneno para outros.

Em vista de tantas dificuldades tem pessoas que se calam.            Observam mas não participam. De um lado nós temos o autoritário, o dono da verdade. Do outro o omisso, aquele que por medo de errar, não age, não fala. Viver exige compromisso, envolvimento. É complicado, mas fugir da dificuldade não é resolvê-Ia.

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