O médico cirurgião Bernie Siegel em seu livro “Amor, medicina e milagres” afirma: “Ensinamos aquilo que desejamos aprender”. Um professor de matemática ensina o que já sabe, um motorista habilitado ensina aquele que não sabe conduzir veículos. Estes são dois exemplos que desmentem a frase citada. Mas existem momentos em nossas vidas que de fato ensinamos aquilo que desejamos aprender, ou que estamos aprendendo ou que às vezes sabemos e praticamos, outras vezes não.
Na arte de viver com sabedoria, na arte de amar, na arte de combinar prudência e ousadia, doçura e firmeza somos todos aprendizes. Há vários meses escrevo artigos para este portal. Acredito no que escrevo. Escrevo sobre temas que nascem de minha vivência pessoal e profissional. Ao mesmo tempo, muitas vezes sou aprendiz daquilo que eu próprio escrevo. O que escrevo representa a minha lucidez, os meus sucessos, aquilo que já fiz, senti, compreendi, mas que nem sempre consigo repetir.
Não é fácil viver desperto. A nossa lucidez é como um vaga-lume. Ilumina a escuridão da noite, apaga-se em seguida, e daí um tempo acende novamente. É preciso uma enorme paciência e perseverança para nos tornarmos tão bons quanto os nossos melhores momentos. Ser bem sucedido de vez em quando não é garantia de sucesso freqüente.
Quando tentamos ensinar a alguém algum aspecto da arte de viver e de relacionar-se, é preciso lembrar-se sempre que, freqüentemente, ainda não somos capazes de praticar plenamente aquilo que já vivenciamos ou conseguimos aprender. Somos falíveis, frágeis, vulneráveis. Nossos momentos de força, coragem, amor e discernimento são seguidos por outros onde somos covardes, fracos, egoístas, sem raciocínio.
É claro que podemos existir áreas em nossas vidas em que nosso sucesso é freqüente, quase constante. Existem capacidades éticas, intelectuais, afetivas que já fazem parte de nosso ser. Tem fundas raízes, são qualidades já bem alicerçadas. Mas sempre há muitas outras habilidades nas quais não somos tão bons ou nas quais fracassamos freqüentemente.
Se temos a vivência de algo que nos pareça importante e útil para ajudar a alguém viver melhor, é necessário não ficar calado. É bom ter a coragem de ensinar mesmo aquilo que ainda estamos aprendendo. Ensinar não é impor. Aquilo que é remédio para um pode ser veneno para outro. Dialogar é ensinar e aprender, falar e ouvir. Aquele que quer a nossa ajuda também pode nos ensinar algo importante.
Comentários
Cezarina, é importante observar o conjunto do comportamento deste adolescente. Ele convive com alguém que tem o hábito de falar sozinho ? Ele tem outros comportamentos estranhos ou bizarros ? Quando fazemos algo, sendo muito jovens, que tem por modelo outro ser humano adulto com o qual convivemos, não podemos simplesmente ignorar que o jovem espelha alguém de seu ambiente.Nós todos conversamos sozinhos, ao pensarmos. O problemático é quando perdemos a noção de que esta não é uma conduta socialmente aceitável.Mas se alguém que admiramos, adulto ou da nossa idade tem esta conduta, ela passa a ser normal ou desejável para nós.Um sintoma isolado não nos permite, em geral, diagnosticar um comportamento doentio.
Prezado Carlos Bittencourt,
como sempre voce é preciso em sua fala realmente, estamos sempre aprendendo algo novo, acredito que durante toda a vida estamos sempre aprendendo. Como diz o filosofo, Heraclito “ninguém toma banho em um rio duas vezes” ou na mesma agua, e a cada dia de nossas vidas aprendemos algo diferente com alguém adotando visões diferentes, o que nada mais é do que aprender algo daquilo que acreditávamos ser uma grande verdade. Aproveitando esse momento, gostaria de saber como lidar com adolescente de 12 anos, que tem o habito de conversar sozinha. Desde já os meus agradecimentos pela sua atenção.