Depressão e Delinquência

Publicado por Carlos Bitencourt Almeida 30 de setembro de 2009

Em atendimento à leitora Cezarina da Silva Almeidadepressao

Não há como viver sem sofrer. A vida frustra. Muitas vezes não conseguimos o que queremos: companhia, emprego, popularidade, afeto, compreensão. Não somos ás vezes como gostaríamos de ser: na aparência corporal, nas capacidades intelectuais ou práticas, nas qualidades morais. Existe a dor corporal, as doenças. Dizem que sofrer amadurece. No entanto há muitas pessoas que apenas se tornam amargas, agressivas ou deprimidas por causa dos sofrimentos da vida.

Na depressão há muitas vezes um desistir, a vontade de morrer, desesperança. Já que a vida não me dá o que eu quero, eu não quero viver. Na agressividade destrutiva, na delinqüência, há um movimento semelhante na origem. Já que a vida não me dá o que eu quero, vocês são culpados. Todo mundo vai me pagar por isto. Vou destruir agredir, machucar, torturar. O deprimido e o delinqüente têm pontos em comum. São passivos. Não se crêem agentes que possam construir para si uma vida digna e que traga alegrias e realizações. Ambos vivem na auto-piedade. Sentem-se vitimas. Ambos apelam para a destrutividade. Um quer destruir a si próprio, morrer. O outro quer destruir a sociedade onde vive.

Há pessoas que têm ou tiveram vidas de grande sofrimento e não se tornam amargas, deprimidas, destrutivas. A causa do sofrimento, a base, está em nós. É um certo modo de reagir ás pessoas ou às circunstâncias que gera sofrimento, ou então que nos faz estacionar no sofrimento, ficar preso a ele ou à sua lembrança.

Há vida em nós. Algo em nós quer viver, enamorar-se da vida. O prazer da destruição é um prazer menor, um prazer amargo. Prêmio de consolação para quem se sente fracassado, sem forcas para prosseguir, construir, realizar. No fundo de nós há amor pela vida. Alegria. Por trás da auto-piedade, da destrutividade, do sentimento de inferioridade ou de arrogância, há algo intacto, límpido. Isto pode ser descoberto. Construir dá prazer. Sentir-se capaz alegra. Transcender um passado amargo, lavar-se dele, nos dá um sentimento de purificação, de entusiasmo, de pureza. Desfazer-se do ódio, da tristeza, do ressentimento, da desesperança é possível. É gostoso. Dá uma sensação de liberdade, como alguém que se livra de uma roupa muito apertada.

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