O que chamo aqui de desejo, nas relações humanas, é o prazer que eu vivencio quando a pessoa com quem me relaciono faz, expressa ou é aquilo que me agrada. Desejo então alguém porque é atencioso comigo; aconselha-me quando eu preciso; passeia comigo quando eu quero; elogia-me; compreende minhas dificuldades; proporciona-me prazer sexual. Quando duas pessoas convivem e a maior parte do tempo uma é capaz de satisfazer os desejos da outra a relação é duradoura e gera alegria em ambas. Quando um (ou ambos) não corresponde mais aos desejos do outro a relação passa a ser frustrante, e pode gerar tristeza, raiva, ódio.
O desejo tem em si sementes de dor. Medo. E se outro não me quiser mais? O desejo pede reciprocidade. Querer e ser querido. Desejar e ser desejado. É uma troca que gera alegria e uma frustração que produz sofrimento.
Amor, gota de luz dentro de nós. Momento profundo quando o coração transborda de graça, pela alegria de transbordar. O amor não se frustra. O amor é plenitude, união, alegria de dar-se. Alimenta aquele que o irradia e pode nutrir aquele que o recebe.
Para o amor emergir a mão que agarra, possui, precisa, abrir-se, relaxar. Para que tanta avidez? Será que meu alimento está sempre do lado de fora? Será que são os outros que vão me fazer feliz?
Não é fácil viver na alegria de amar. Perdemos o fôlego em águas tão profundas. A criança carente em nós logo se agita. Acalmar-se não é popular. Tudo se agita ao nosso redor.
O desejo é uma face básica daquilo que somos. Ocupa a maior parte da vida interior da maioria de nós. Mas que fragilidade, depender apenas daquilo que vem através das pessoas…
Conhecer a liberdade de amar nos torna seres humanos mais íntegros, mais completos, mais adultos. Viver isto, nem que seja de vez em quando, nos traz a certeza de um outro mundo, outro modo de ser.
Certeza de uma autonomia afetiva possível, latente em nós, mas que pode, a qualquer momento, derramar-se sobre o mundo, deixando em nós o gosto doce de uma alegria especial, livre e profunda.
Comentários
Prezado Carlos
Como sempre você é preciso em seus artigos, gostei muito, mas gostaria de saber um pouco mais sobre pessoas que têm dificuldades de se relacionar, e muitas das vezes ficam vivendo um amor platônico,e, obsecadas por esse amor, quando percebem ou acham que foram traidas, ou porque alguem foi na frente e conquistou o seu grande amor, passam a ter ódio do outro, acreditando que foi roubado. Como agir com essas pessoas?
Um grande abraço.
Prezado Carlos
Muito obrigado por palavras de sabedoria.
Pela graça que recebi de Deus, vivo as duas realidades, desejo e amor, de uma forma plena.
“Amor, gota de luz dentro de nós. Momento profundo quando o coração transborda de graça, pela alegria de transbordar. O amor não se frustra. O amor é plenitude, união, alegria de dar-se. Alimenta aquele que o irradia e pode nutrir aquele que o recebe”. Você foi muito feliz nesse conceito.
Grande abraço.
Sergio