Antonio Ângelo
Instável amante
19 de novembro de 2020
Gosto de poesia Como quem desvenda no céu Um casulo de nuvens Pouco importa se a poesia Se enverede por subúrbios Que adorne seus cabelos Que se torne de repente…
Poesia do confinamento – I
17 de setembro de 2020
Refletia ela nos olhos luzes intermitentes De um neon cor fúcsia piscando na parede Pouco se lixava para esta história De quarentena e cuidados outros Depois de se embebedar, ficava…
“Please I Can’t Breathe”
15 de junho de 2020
Por demais tarde E o momento não permite Concomitância de astros Sangue e lua Grito e choro O ar que falta A face contra o asfalto Cenário de Goya Norte?…
Solidão sitiada
15 de maio de 2020
fique em casa olhe pela janela na parede do prédio ao lado descubra manchas amorfas figurações um rosto de velho um borrão ilegíveis pichações abaixo no pátio mendiga curvada sobre…
Futuro do pretérito
28 de abril de 2020
A cigana que me leu a mão não adivinhou que barragens se romperiam que ao fundo na paisagem ferruginosa existiria o que seria previsível o que seria incúria Não previu…
Mundo Asséptico
27 de março de 2020
Madame transita pela avenida Em reluzente Mercedes blindada Cruzando a cidade quase deserta Amedrontada pela epidemia Motoboys, caixas às costas, passam acelerados Mendigos sob marquises Em promíscuo abandono, faces emaciadas…