Três Marias

Publicado por Antonio Ângelo 9 de julho de 2015

asasda

Lá estão no céu
as três Marias.
Desde criança as vejo:
em fila, equidistantes,
fiéis à composição
em que as dispôs o Supremo.

Por capricho, as chamemos
de Maria José, ao norte postada,
Maria Cândida, ao meio,
E Maria Maria, mais abaixo.

Longe vai a minha infância
e desde sempre imutáveis as três
na fixa geometria linear.

Ou não?

Teria Maria Maria migrado –
inimagináveis quilômetros transpostos –
Maria Cândida para além dos confins se atirado
e Maria José seja apenas agora
a ilusão de um brilho a milhares de anos luz extinto?

E eu aqui ingênuo a imaginar
que as três Marias são as mesmas
do tempo em que um menino –
crente da imutabilidade do universo –
facilmente as identificava no céu
em meio ao fulgor das constelações.

Comentários
  • verly 3413 dias atrás

    É para ler, reler, refletir e meditar. Muita sabedoria num poema. Parabéns, mais uma vez.

  • Wesley 3426 dias atrás

    Não mudamos, as estrelas não mudaram, o mundo em volta é que mudou. Tudo é movimento. A infância por dentro, a noite estrelada em torno, o mais são puras ilusões, bem o sabe o poeta, eterno fingidor. Muito bem, AA!

  • Beth Lucas 3426 dias atrás

    Ângelo sinceramente a esta altura da vida não sei o que de fato muda em nossas vidas. Mas acredito nelas e as sinto, não sei onde nem como e acho que esse é um dos mistérios ou milagres da vida.

  • Gislaine 3426 dias atrás

    As mudanças acontecem sem nos darmos conta. Acostumamos com as estrelas e achamos que são as mesmas, mas as Marias como as demais estrelas são sempre outras e dependendo de como as vemos, elas estão tão mudadas que nem as reconhecemos. Quem será que mudou? As estrelas ou nós mesmos?

  • MÁRCIO STODUTO DE MELLO – DSP115 – S1 3426 dias atrás

    É isso mesmo! Tudo muda o tempo todo, só a ilusão permanece…
    Parabéns por mais esta!
    Um abraço,

    Márcio.

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