onde assistíamos filmes diversos
romances – faroestes – comédias
havia sim aqui um cinema.
em que agora imperam o alarido dos ônibus
carros sem conta, corre-corre de pessoas
loucura de sirenes e buzinas.
gritos de camelôs nas calçadas
nos pontos dos lotações os que esperam
o retorno inglório a suas casas
após um dia de estafante rotina.
onde namorados enlaçados
anestesiados pelo éter da paixão
emocionavam-se ante histórias
de amores e fatalidades sem fim.
entre reflexos que vinham das imagens
mãos cativas, olhares cheios de paixão
na sensação íntima e confiante
de que ali o amor que começara num gesto
persistiria em desdobramentos de entregas
tais como as que transcorriam na tela.
onde agora espadas de fogo
se erguem ameaçando pecadores
e onde se anunciam milagres e promessas de paraísos
tão improváveis quanto os “happy end”
dos filmes de outrora.
Comentários
Sua percepção, razão e sensibilidade nos presenteia com obras fascinanes como esta. Abri mão do priviléio de l|ê-lo por aqui para compartilhar com outros amigos por e-mail e facebook. |Mais uma vez tenho de elogiá-lo merecidamente. Este Sinais dos Templos, digo, Tempos, é tudo que todo bom escritor gostar de esrever. Mas, a gente fica muito feliz de poder guardar para semrpe até que possamos tê-lo em livro impresso.
Sinal dos tempos nos roubou filmes da nossa infância .No cine pathé assisti a musa live hulman de ingmar bergerman . Hoje nos enviam ao inferno por um simples beijo nas casas que outrora havia um cinema.Grande Abraço meu amigo
Isso aí, caro amigo. Sinal dos tempos. Mas é outra a nossa igreja, outra é a nossa religião. À poesia, sim, confessamos nossos pecados, agora e sempre. Amém.