Lamenta o quanto era dócil,
o quanto era fiel a princípios
que afinal nem eram os seus.
Hoje, aos 50 anos –
embora pareça mais velha –
pode-se deduzir que foi bonita.
O marido, que à casa a destinou, e aos filhos,
agora um senhor taciturno, introvertido,
cheio de manias, avesso a climas e toques.
Pergunta-se, certamente,
se valeu a pena tanta abnegação
e passividade em se anular.
Estão os filhos criados, a mesa posta;
tudo está em ordem como nos últimos 30 anos.
Mas quando perscruta adentro,
enxerga diferentes sendas
por onde poderia ter seguido –
trilhas que a levariam a outras paragens
onde u’a mulher inventa prendas
e a noite descortina tramas
da mais perversa felicidade.
Comentários
“D”Angelo,gostei muito,especialmente deste seu olhar feminino descrevendo a dor da alma desta mulher.E são tantas hein….
Obrigado, amigos. E que a poesia tenha sempre o seu cantinho pra se manifestar.
No verso
“cheio de manias, avesso a climas e toques.”
Um título de um livro.
Parabéns pela feliz poética;
MAS
É a opinião de um amigo, mas que conhece o poeta e sabe que ele é bom.
É uma poesia profunda, tocante, verdadeira,
Envelhecer é dificil mas inevitável
Obrigado pelo presente, Antônio Ãngelo
Poesia só, não. Boa poesia.
Afinal, está valendo a pena estar em silêncio.
Assim, afino os ouvidos.
Os homens cantam, os pássaros cantam, o país acorda.
Eu, aqui da minha janela, aplaudo.