Não quero ir para Pasárgada
para ser amigo do rei
quero ir pra Nova Orleans
Ver as lindas noites
nos bares onde o jazz impera
ao som de negros de Áfricas banidos
Ver o som chorando no bocal de um trompete
ou no dedilhar virtuoso de um piano
ou ainda de uma garganta potente
de uma negra indescritível
Ver às mesas faces sofridas
de homens à força escravizados
com o DNA ainda impregnado
das humilhações de seus antepassados
Homens que no fundo da alma
carregam sonoridades que a todos sensibilizam
e que todos sabemos – mas fingimos não saber
vítimas foram do holocausto
que na conta da humanidade marcam a fogo
um abismo sem conta de torturas