Última sexta-feira de abril
e o tempo nos convida à clarividência.
Hoje a realidade é diversa,
distinta daquela de todos os dias.
Dispensável – portanto – ver o mundo
como sempre o vemos.
Transitam no céu fardos de algodão,
os altos prédios se revestem de uma luz impiedosa
que nos agride os olhos;
sobre o viaduto de cimento aparente
o ir e vir interminável dos carros deixando no ar
a fumaça escura, imunda.
Na sala ao lado compenetrados funcionários
analisam metodicamente os documentos
e indeferem irrevogavelmente
os saltos de trampolim na piscina do imprevisível.
Comentários
Poesia: O prisioneiro urbano, pedestre.
24 mar 2014
Tu és prisioneiro da cidade
Vossa sina é caminhar
Assustado nas vielas,
Vias e passarelas
Vos que caminha
Em calçadas retalhadas
Desniveladas e
Esburacadas pelo
Descaso
Vos encarcerado e
Andarilho urbano
Tu pedestre
Que andas
Numa cela
Sem grade
Em uma cadeia
Sem arame
Em um cercadinho
De cimento
Mal conservado e
Sem manutenção
Vossa cela
É tosca e fria
Vosso silencio
Teu carcereiro
Vosso algoz o
Culto do urbanismo da
Divindade
Motor de Lata e Aço
Vos peregrino das
Metrópoles
Atropelados
Na ruas e avenidas
Doa seu sangue
Ao sacrifício
Da insensatez
Vosso patíbulo
É a faixa dos pedestres
Poesia: Antonio Galvão
24/02/2014
É impressionante o mergulho desse poeta como andarilho das ruas. Minas tem que conhecer.
MAS
Além de Poeta é Filósofo! Pequeno comentário sobre a vida cotidiana e profundo pensar sobre a necessidade de coragem para viver a vida. Parabéns!
Antonio Angelo,
Parabéns pela poesia! Tratando o cotidiano com muita sensibilidade.