O rio da minha aldeia não faz pensar em nada
Quem está ao pé dele está só ao pé dele
Para o Poeta, o Tejo não é mais belo que o rio
Que corre em sua aldeia.
Vi pessoas pescando à beira do Sena
Mississipi, Nilo, quantos maravilhosos rios
Mas o que me interessa, são os rios de minha aldeia.
A que ponto os levarão estes grupos
Que não se interrompem antes suas correntes
E os tratam com desprezo e insensatez?
Embasbacados ante o que usufruirão das riquezas
Não me interessa o Sena, o Tâmisa
Quero inteiro, translúcido, o Rio Doce
Devolvam-nos o Rio Doce
De uma tragédia inominável
O que mais desejam os senhores
Com vossos ternos mortuários
Garras de bandidos sanguinários?
O Velho Chico já tão despojado
De profundidades, remansos e praias
A ele se dirigem num processo inestancável
A lava fria de rejeitos, restos mortais, sujeira e incúria.
Do Lambari e Picão, mais próximos ainda de minha aldeia?
Certamente em sua sanha, ao final sequer sobrará
O Rio das Mortes, multiplicado que estará
Num sem número de tristes e mortos outros rios.
Comentários
e
Estimado amigo. Que texto lindo sobre os nossos rios .E Fernando Pessoa está presente com seu heterônimo Alberto Caieiro. O vil metal sempre permeia a degradação de nossos rios que para eles não significa nada. nada.