Há nomes como pedra, rio, fruta
que são os mesmos e fáceis em qualquer lugar
quer num escondido recanto de Minas
numa cidadezinha no leste russo
ou num poeirento vilarejo nas planícies do kansas
Mas há o nome que apenas se vê escrito
em parede gotejante da caverna
brotando em fundos de masmorras
em que se devastou inconfidências
misturado à ferrugem de algemas
esquecido ao fundo de porões
tatuagem inscrita no peito do foragido
que se perdeu nos labirintos da vida
Adormecido nas interseções
entre trincheiras de um campo devastado
rabiscado em papel no bolso do soldado abatido
Nome que não se traduz e se resguarda
como um ouriço, um caramujo
que apenas revela seu sentido
aos que desfiguram o próprio destino
Nome que em sua própria língua se manifesta
num hieróglifo indecifrável
mesmo para os que o traçam a fogo
marcando a porta dos infiéis