O afeto que se encerra

Publicado por Antonio Ângelo 8 de setembro de 2022

Estrada na cordilheira.
O amor que lhes tenho
Traz seus laivos de ressentimento
O respeito que lhes presto
Não exclui algo de complacência

A gratidão que lhes devoto
Não foge à constatação
De que houve sim desvalia
Que faltou um olhar
Mais atento e compassivo

Sei que há regras seculares
A demarcar hierarquias
Palavras que se tornam perjúrios
Limites que não se deve ultrapassar
Ao preço de culpas irremovíveis

É no entanto permitido
Refletir sobre subterfúgios
Que permearam o crescimento
De quereres excêntricos

Cobranças descabidas
Onde – mesmo existindo afeto
Logo à frente toldaram-se as águas
De um mar vermelho que não se abriu!

Quando havia um momento
De dar as mãos, desmistificar-se
Por que rigor, imposição, desvarios?
Se havia a alternativa de clarear caminhos
Onde a sensatez de nublar horizontes?

Cuidado, dedicação, entrega
Ou o mais de bons sentimentos
Sei que existiram, sem economia
Mas – por que sempre um mas?
Na cordilheira, no cume da cordilheira
Nasce um sol que a tudo alumia

Descobrimos então que nada é peremptório
Onde as equações seriam de solucionar
Eis que entulhos, obstáculos sem conta
Se antepuseram de forma descabida
À árdua caminhada que se prenunciava

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