Quando eu morrer, chegando ao céu,
São Pedro não há de me fechar a porta.
Aqui está o senhor – dirá com olhos espertos,
consultando seus apontamentos –
hum… bem se vê, não foi santo,
aliás, cometeu um bocado de deslizes;
pecados, alguns inconfessáveis,
atos poucos abonáveis;
covarde muitas vezes, lúbrico,
useiro e vezeiro de mentiras,
nem um pouco piedoso…
E um tanto de soberba!
Consultará os astros,
fará contato com autoridade superior e,
após cofiar longamente a barba,
há de concluir:
Vá lá, entra, pelo tanto que penou
e pelas muitas boas intenções,
raramente levadas a sério.
Os méritos são poucos mas estamos
em dia de condescendência.
E eu entro.
A boca seca, a língua estalando.
Viro a primeira esquina, reflexos que nunca vira,
me encaminham a um pequeno estabelecimento –
semi-obscuridade, cheiros conhecidos –
onde me apresentam um gélido copo de cerveja:
início de delícias sem fim.
Comentários
Antonio Ángelo gracias por compartir tan linda creación.
Antônio Ângelo,
Parabéns.
Você é o máximo como amigo e como poeta.
Superou todas as minhas expectativa.
Sucesso sempre.
Bem, deixa pouco a dever ao chopp do(a) Pinguim. Em companhia do poeta Angelux e do marchand Carluix, bem podia ser o céu e o inferno, estaríamos bem, pondo a conversa em dia, em homenagem ao amigo que escreve nas palavras, como diria LC Ferraz, as mais íntimas letras. Em boa companhia, a vida é breve, como um poema.
Poeta, leio a poesia na 6a feira depois da feijoada com caipirinha, o Céu bem que podia ser um eterno happy hour de 6a feira!