Meio de outono
Reflexos do sol nos intervalos da cortina
Projetam listras douradas
Na parede oposta
Ainda ontem, no Parque Municipal
O Teatro Chico Nunes costurava suas curvas
Contra um céu amarelado
Ao final de tarde
Teatro que perfaz a História da Metrópole
E enumera histórias
De pessoas que ali transitaram
Em diferentes estações
Num denodo de juventudes
Atrapalhadas, ingênuas
Mal sabendo das coisas, da vida
– atribulações que defrontarão
Em futuros, quer próximos
Distantes queiram
Somente se regozijam
De formas improvisadas
Num poupar sem fim de bolsos
Onde quase nenhum dinheiro aprouve
Cervejas contadas, batatas fritas
Pouco importa!
Uma gana de vida é o que perpassa a derme
Inflama olhares, desconversa medos
Enquanto na Afonso Pena
A fileira infindável dos carros
Polui a atmosfera com seus gases
Já as almas – pobres almas!
Tentam descobrir mistérios
E sonhos, e maneirismos
No cânhamo da vida
Que se abstrai, desvia e ao final
Chega ao que é, para um e todos
Seviciada em canhestros despojos
De míseras vitórias e – percebamos
Indefesa ante o arpão do aniquilamento
Comentários
Meu querido amigo sabe das coisas passadas , presentes e futuras. A êle meu abraço mais forte que eu tenha dado até então. Grato por sua habitual generosidade.