por meses meu avô me levou ao topo da colina
para pacientemente me instruir
a face vincada, alva barba
de suas palavras de incentivo
depois a outra, corria como numa dança
dava saltos…
dos ventos e suas direções
demorada observação dos pássaros
a explicar forças e contra-forças
a onipotência da gravidade
até hoje tenho cicatrizes
das vezes em que me machuquei
mestre persistente e aplicado
escrutinando possibilidades
chegamos ao topo, céu azul
um vento forte agitava os arbustos
não tenha medo, vá
já aprendeu o necessário
abriu meus braços e com um toque
empurrou-me rumo ao abismo
em ímpeto decidido
para o meu primeiro voo
Vídeo:
Comentários
Fantástico, AA! Uma pequena obra prima. Ainda bem que a (boa) inveja não mata…
muuuito bom!!!
Que belo poema! Existem nele muitos encantos, mas, o melhor deles é o avô saber que o neto saberia voar nesse imenso mergulho dentro de si mesmo.