os foliões
saltam e gritam
exteriorizam-se
e se contorcem
engalanados
ou quase nus
prazer e gozo
suor e beijos
a carne explode
num só desejo
onde não se deve
unir o triste
ao desprazer
onde as ideias
pobres plebeias
não valem mais
que um riso aberto
de colombina
desta folia
o que se quer
é se acabar
o que se deve
é esquecer
e o que não falta
é muito jogo
é muito fogo
que a tudo inflama
dorsos suados
convexicôncavo
ancestral gesto
ventre e nádegas
coxas abertas
úmidas sendas
lábios e línguas
olhos risos seios
sombrios pelos
os foliões
saltam e gritam
se exorcizam
e o racional
desaparece
para que reine
o que houver
de mais carnal
Comentários
Aplausos ao mestre. Eis, nu e cru, o império de Momo, em versos rápidos e concisos, voluptuosos, delineados por afiada lâmina, desnudando a encenação do paraíso perdido.
Você alcançou o mais admirável poder poético. Isto mesmo admiro sua arte…