Trazia o inverno
o seu tanto de brumas,
esmaecimento de luzes.
Onde sua graça?
No clima invernal,
noites longas,
rançosas manhãs.
Ao alvorecer, tudo negava.
A mancha de sangue
anunciando a contração raivosa
do órgão estéril.
No acinzentado da serra em frente
amareleciam as gramíneas.
Caminhos abandonados
seguindo para vilarejos desabitados,
casas de portas cerradas, janelas violadas.
Agosto e seus ventos a levaram.
Comentários
Mais uma vez a excelência do poeta nos trazendo, em palavras curvas, a paisagem anunciada ao leitor-caminhante pelos desvãos que somente a poesia pode proporcionar. E que somente alguns poetas possuem o talento de esculpir no papel.
Esses ventos de agosto, e outros ventos, como os do mestre Aníbal Machado, contam histórias e as gramíneas continuam vagando nos caminhos…
Parabéns e esperamos o lançamento do seu livro.